PUBLICIDADE
CREMER2024 CREMER2024
Biodiesel

Biodiesel: Produtor terá óleo e ração em troca


Jornal de Piracicaba - 08 abr 2006 - 18:15 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

O projeto de planta integrada vai envolver produtores da Afocapi e deve ser implantado ainda neste ano
Óleo e ração em troca da produção de oleaginosas em terras de reforma ou em declive é o que prevê projeto de planta integrada de biodiesel e etanol para Piracicaba, a ser concluído ainda em 2006. O coordenador do Pólo Nacional de Biocombustíveis, Weber Amaral, explica que o consumo energético no plantio corresponde de 20% a 30% do custo total de um cultivo.

A construção da planta, que tem parceiros na Alemanha, será possível também mediante convênio do Pólo ––– sediado na Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz ––– e Afocapi (Associação dos Fornecedores de Cana de Piracicaba). Amaral viajou em março para a Alemanha com o objetivo de definir as parcerias com aquele país. Acompanhe a entrevista com o coordenador do Pólo e conheça os detalhes do projeto.

Jornal de Piracicaba –– Qual é a situação atual desse projeto?


Weber Amaral –– Cerca de 60 projetos entre brasileiros e alemães participaram desta chamada internacional de competição para um determinado recurso a ser financiado pela Invent, que é um braço de capacitação do governo alemão. Destes projetos, sete propostas foram pré-selecionadas, e uma única do Brasil. Delas, algumas tinham os mesmos interesses ou eram complementares. Desta forma, a viagem a Alemanha serviu para negociar a junção de propostas. Nós nos unimos com outra empresa chamada Allesys, da Alemanha.

JP –– As verbas vindas da Alemanha serão destinadas para quais ações?

Amaral –– Os recursos que virão, da ordem de 200 mil euros (R$ 520,8 mil), serão repassados em duas frentes. O intercâmbio de técnicos da Alemanha e Brasil custará 100 mil euros (R$ 213 mil) e servirá para fazer capacitação dos técnicos brasileiros nas plantas já instaladas na Alemanha. Em contrapartida, os técnicos alemães virão para cá a fim de treinar brasileiros para que possam operar as plantas daqui. A outra parte dos recursos vai ser utilizada para montar um plano de viabilidade econômica, ou seja, um plano de negócios para a produção de biodiesel integrada diretamente com a associação, com estudos sobre o mapeamento das áreas, análises de culturas e viabilidade econômica. A Afocapi vai pagar esta planta e o Pólo vai ajudar a montar o plano de negócios, o que barateará a implantação do projeto.

JP –– A produção será utilizada internamente ou será vendida?


Weber –– Eu creio ser mais interessante a associação destinar este combustível para seus próprios agricultores. Desta forma, o produto vai ficar muito mais barato. Para exportar, a planta não vai ter escala, pois a produção será de 5.000 litros por dia, podendo duplicar este volume ou, futuramente, ser até maior que isso. Mas, atualmente, não podemos ter uma planta maior.

JP –– Qual é a área disponível para o plantio de oleaginosas? Quais serão as vantagens para o associado que participar deste projeto?

Weber –– A região de Piracicaba tem cerca de 100 mil hectares de cana-de-açúcar e, a cada cinco anos, há a necessidade de renovar 20% do total. Esta área, que chamamos de reforma, pode ser utilizada em culturas agroenergéticas. Outra possibilidade de área que está disponível são as inclinadas. Estas áreas estão sendo contabilizadas para o projeto porque não podem ser queimadas e a mecanização não permite o plantio de cana. Além de áreas destinadas à preservação permanente (APP) e reserva legal e demais áreas sustentadas.

JP –– Quais serão as vantagens para o associado que participar deste projeto?

Weber –– Com relação ao combustível, o preço do litro do biodiesel cairia 10% em função do custo de produção que deve chegar a R$ 1,50, valor mais barato do que o preço do diesel na bomba. O fato é que o agricultor vai economizar na compra do combustível. Então, nessa situação, o associado vai deixar de gastar e não é só reduzir custos.

 Hoje, a compra de energia representa no mínimo de 20% a 30% do custo de qualquer atividade agrícola. Então, há gastos consideráveis com óleo combustível. Outra possibilidade é a utilização da torta (resíduos de produção), que retornará ao agricultor em ração animal, transformada e com valor agregado.