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Biodiesel

Unicamp quer estender biodiesel urbano para gerar empregos


Reuters - 11 abr 2007 - 07:59 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o governo federal estão costurando uma parceria para estender a outras prefeituras do Brasil o projeto de biodiesel urbano desenvolvido em Indaiatuba (SP), que utiliza óleo de fritura coletado em restaurantes e residências, informou o pesquisador da Unicamp Osvaldo Lopes.

"Muito mais que a mamona, o biodiesel urbano é um nicho muito importante de inclusão social", avaliou Lopes, que estima em 1 milhão de empregos o potencial do negócio no país, incluindo os coletores.

Apesar de certificada pelo governo como matéria-primas para o biodiesel, a mamona vem encontrando resistência dos produtores, que preferem outras oleaginosas como soja, girassol, caroço de algodão, palma entre outros, pela maior produtividade, explicou o pesquisador, em intervalo de um seminário da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

O valor de recursos demandado pelo projeto de biodiesel urbano "vai depender de quantas prefeituras vão adotá-lo", segundo Lopes. O projeto funciona desde o fim de 2006 em Indaituba, que utiliza a produção do biodiesel na frota municipal e prevê economizar 1 milhão de reais por ano, afirmou.

A produção da planta-piloto é de cerca de mil litros por dia com perspectiva de subir para quatro mil litros no curto prazo.

"Estamos conversando com o governo federal financiamento para formar parcerias e montar usinas dentro das cidades", afirmou, sem dar detalhes.

Ele disse que com estímulo do governo -- por meio do Ministério de Ciência e Tecnologia, que tem sido o interlocutor da Unicamp --, seria possível produzir os 800 milhões de litros de biodiesel necessários para atender os 2 por cento de mistura obrigatória ao diesel a partir de 2008.

"É só uma questão de boa vontade... além de gerar empregos e produzir energia limpa você evita a contaminação desse óleo que é jogado fora", explicou o acadêmico.

CINCO USINAS
A Unicamp desenvolveu também tecnologia para instalação de usinas de maior porte e coordena a construção de cinco novas plantas, informou Lopes. No próximo dia 17 a universidade inaugura a Biocamp, em Campo Verde (MT), uma planta com capacidade para 50 milhões de litros do produto por ano, ou 150 mil litros por dia.

Também no portfólio da universidade está a maior planta de biodiesel em construção no Brasil, com capacidade para 380 mil litros por dia, também em Mato Grosso, na cidade de Cuiabá, que atenderá apenas a demanda dos fazendeiros locais e começa a funcionar em novembro deste ano.

"Estamos construindo a usina junto com a maior cooperativa do Estado do Mato Grosso, a Ampa, que tem mais de 100 associados", informou Lopes. Pesquisador do assunto desde 1980, quando estudos já mostravam a viabilidade do combustível a partir de oleaginosas, Lopes vê no biodiesel a oportunidade de o Brasil se afirmar no mundo como grande produtor e exportador de tecnologia.

"Na época (1980), o apelo era só econômico, mas agora envolve emissão de poluentes e tem tudo para ir à frente", estimou.

Segundo Lopes, estudos feitos nos Estados Unidos mostraram que o Brasil poderá fornecer 25 por cento do diesel no mundo a partir de 2050 por meio do biodiesel.

"Terra para plantar e clima nós temos, os desafios são mais de uma dezena, como matéria-prima, tecnologia, preço da construção das usinas, mas temos tudo para superar", avaliou.