Análise Semanal 14.abr.08
Balanço dos leilões
Os preços praticados nos leilões da semana passada foram muito importantes para o setor. As usinas entenderam que continuar a praticar o canibalismo não levaria a lugar algum, ou melhor, levaria à insolvência das empresas. O preço médio foi de R$ 2,69 por litro. Levando em conta o atual custo do óleo vegetal, não é o preço ideal, mas as usinas já podem respirar.
Quem puxou o preço médio do leilão para baixo foi a Agrenco, que no primeiro dia de leilão vendeu 39,6 milhões de litros ao preço médio de R$ 2,46, uma diferença de 17 centavos para ADM, que teve o segundo menor preço do leilão de quinta. A Agrenco pecou na estratégia na formação de preços e não deve ter lido a matéria elaborada pela BiodieselBR, divulgada dias antes dos leilões. Na matéria ficou claro que todas as usinas poderiam ter seu pedaço no bolo sem a necessidade de grande redução no preço máximo determinado pela ANP. Não imaginamos que esses preços farão a Agrenco produzir biodiesel sem lucro, já que sua usina é verticalizada e por isso não precisará comprar óleo no mercado. Mas poderiam faturar cerca de 6,7 milhões de reais a mais se tivessem vendido biodiesel por R$ 2,63 o litro - ainda assim teriam o menor preço do leilão.
Algumas usinas conseguiram vender a capacidade máxima permitida nos leilões, de 80%: Agrenco – 36,6 milhões de litros ADM – 33,9 milhões de litros Granol (Anápolis) – 24,42 milhões de litros Brasil Ecodiesel (Rosário do Sul - RS) – 21,6 milhões de litros Brasil Ecodiesel (Iraquara - BA) – 21,6 milhões de litros Renobrás – 1,2 milhões de litros
As empresas que venderam nos leilões devem estar felizes, assim como todo o setor. Com um deságio de pouco mais de 4% no preço de referência, todas as usinas conseguiram ocupar boa parte de sua capacidade de produção do terceiro trimestre de 2008. Isso deve impulsionar toda a cadeia de produção, como a parte agrícola, a venda de produtos químicos para as usinas e até mesmo a venda de novas usinas.
O resultado dos leilões dá novo ânimo e deve estimular os investimentos e assim a consolidação do setor. Muitos projetos que estavam parados por inviabilidade do preço de biodiesel comercializado devem ser reiniciados. E não é só o preço que impulsionará esses projetos. A boa chance de antecipação do B4 em 2009 e B5 em 2010, também colaboram para que o setor volte a ter um aumento de usinas.
Exportação de biodiesel
A União Européia vai aplicar uma sobretaxa do biodiesel importado dos Estados Unidos e por enquanto não cobrará nada do Brasil. Os europeus sabem, tanto quanto nós, que não há motivos para se preocupar com o biodiesel brasileiro. Por enquanto - e por mais alguns longos anos - terá de crescer muito para poder atender apenas a demanda interna.
O real valorizado e os altos preços das matérias-primas inviabilizam qualquer tentativa de exportação de biodiesel brasileiro, além de que ainda importamos mais de cinco bilhões de diesel pronto por ano. Vai demorar alguns anos para a Europa começar a se preocupar com a importação do biodiesel brasileiro.
Consumo de diesel cresce
O consumo brasileiro de diesel está crescendo a uma taxa de dois dígitos em 2008. No mês de janeiro, segundo a ANP, o consumo aumentou 10% em relação a janeiro de 2007 e no mês de fevereiro o aumento foi de 11,5%, também em relação a fevereiro de 2007. Caso esse crescimento permaneça durante o ano, o consumo de diesel ficará acima dos 46 bilhões de litros, aumentando a demanda por biodiesel.
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