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Análise da Semana: 22.fev.08


BiodieselBR - 25 fev 2008 - 06:50 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:05

Análise Semanal 22.fev.08

 

Culturas perenes e anuais
O presidente do Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (IFAD), Lennart Bagé, propõe que o conceito de mercado de carbono seja ampliado e passe a fornecer compensações aos agricultores de países em desenvolvimento que contribuírem para a conservação do solo e evitarem o desmatamento.

O planeta tem três bilhões de pessoas que vivem em áreas rurais, a maioria com menos de dois dólares por dia. Para dar condições de uma vida mais digna a toda essa população, o IFAD defende mais apoio e recursos a pesquisas para o desenvolvimento de plantas mais tolerantes à seca e a salinidade. Além disso, deve-se assegurar que estas tecnologias cheguem ao pequeno produtor rural proporcionando o aumento da renda e da produção de alimentos.

No Brasil a idéia de ajudar o produtor rural de baixa renda não é nova. O programa de biodiesel lançado em 2005 incentivou a agricultura familiar para a produção de biodiesel. Com os benefícios do selo combustível social as usinas foram a campo incentivar os pequenos produtores a plantarem qualquer oleaginosa anual. A mamona, o girassol e a soja foram as mais plantadas. As usinas escolheram as plantas anuais pelo rápido retorno, menos de cinco meses entre o plantio e a colheita. Um dos problemas enfrentados pelas usinas e pelos pequenos produtores, é que estas oleaginosas exigem mecanização, coisa que a agricultura familiar não tem.

As plantas anuais produzem pouco óleo por hectare. Sua viabilidade só é possível em larga escala, por isso o insucesso do biodiesel na agricultura familiar. Por outro lado temos plantas perenes como o dendê, pinhão-manso, macaúba, pequi, babaçu e tungue com maior produção de óleo por hectare e exigentes em mão de obra. Outra grande vantagem dessas plantas é que elas podem produzir consorciadas com plantas alimentares ou com plantas nativas.

E o consórcio de plantas perenes para a produção de biodiesel com outras plantas vem de encontro às idéias do IFAD. Pois através do consórcio o agricultor estaria promovendo a recuperação de áreas degradadas com exploração sustentável da terra e recebendo, além da remuneração pela venda de seus produtos, um valor referente ao manejo correto e ao crédito de retenção de carbono em sua propriedade.

As plantas perenes têm contra si a demora de alguns anos para começar a produzir, em contra partida, neste período o produtor poderá utilizar a área para cultivos anuais de produtos para sua subsistência.

Outra medida que favoreceria a agricultura perene para a produção de biodiesel seria a de considerar estas áreas como reserva legal.

O aquecimento global, o alto preço do petróleo, a segurança energética e os aumentos do preço dos alimentos são problemas atuais da humanidade. Porém, o governo pode olhar estes problemas como oportunidade de crescimento da economia, de diminuição da pobreza no campo e recuperação de imensas áreas degradadas ou em processo de degradação.


Glicerina
Um dos problemas que todas as usinas de biodiesel estão enfrentando, além do alto custo da matéria-prima, é o baixo valor da glicerina. E muitas delas sequer conseguem vender a glicerina produzida. Várias universidades estão pesquisando uma utilização ambientalmente correta e economicamente interessante para a glicerina.

A UFRJ divulgou nesta semana suas linhas de pesquisa. Uma delas visa transformar a glicerina em “propeno verde”, que servirá de matéria-prima básica para a indústria petroquímica. Com o propeno se produz o polipropileno, que é matéria-prima para a produção de plásticos.

A outra linha de pesquisa da UFRJ estuda uma maneira de transformar a glicerina em combustível para ser adicionada na gasolina a exemplo do álcool.

Essa busca pelo melhor aproveitamento da glicerina deve ser acompanhada de perto pelas usinas de biodiesel, pois um bom aproveitamento da glicerina produzida na usina trará um reflexo imediato na rentabilidade da produção de biodiesel. A expectativa é que a glicerina passará a ser uma fonte de receita considerável.



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