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Análise da semana 13.abr.07


BiodieselBR - 13 abr 2007 - 18:33 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Análise Semanal 13.abr.07

Olá Assinante.

As necessidades chinesas por recursos naturais, alimentos e energias, estão levando a China a buscar alternativas para atender a crescente demanda interna por alimentos. A demanda atual de óleos vegetais para alimentação cresce na ordem de 2% ao ano. A China não está conseguindo produzir para alimentar a si mesma, por isto está buscando parcerias de longo prazo para alimentos, energia e minérios. Como os Estados Unidos passaram a usar mais soja e milho para a produção de combustíveis, a tendência é que as exportações destes produtos sejam afetadas. Com isto os chineses passaram a olhar para a América do Sul, principalmente o Brasil, que ainda dispõe de imensas áreas para a produção de alimentos e poderá suprir imediatamente o declínio das exportações americanas.

Além de suprir as necessidades de alimentos, a China está preocupada com o fornecimento de energia. O poder aquisitivo de sua população tem crescido rapidamente e conseqüentemente o consumo de energia. Somente em Pequim são vendidos 1000 carros novos todos os dias. A alternativa chinesa para suprir essa demanda e diminuir sua dependência do petróleo é ser líder no mercado mundial de biocombustíveis, para isso está investindo em tecnologias e alternativas para conseguir matéria-prima. Hoje a China é o terceiro maior produtor mundial de etanol, atrás apenas do Brasil e Estados Unidos. Contudo, o mercado de biodiesel Chinês é muito maior que o de etanol, pois o consumo de diesel é duas vezes maior que o consumo de gasolina. Pensando nessa demanda, a pretensão é produzir dois bilhões de litros de biodiesel em 2010 e 12 milhões de litros de biocombustíveis (biodiesel e etanol) até 2020, o que representaria 15% do seu consumo de combustíveis. Mas para conseguir isso será necessário uma grande quantidade de matéria-prima que a as terras chinesas não tem condição de produzir.

A alternativa na produção de matéria-prima para os biocombustíveis são países como o Brasil e a Malásia, que já exportam soja e óleo de palma, respectivamente. Os chineses também estão de olho no continente africano, principalmente em Moçambique, onde algumas empresas estão em negociações com o governo local para o plantio de pinhão manso.

O problema chinês está em aumentar a produção de matérias-primas para biocombustíveis sem comprometer a produção de alimentos para saciar um bilhão e trezentos milhões de bocas.

  Brasil China
População 185 milhões 1,3 bilhão
Consumo de diesel 40 bilhões de litros 70 bilhões de litros
Quantidade de carros 1 carros para cada 12,6 habitantes 1 carro para cada 40 habitantes
Meta de produção de biodiesel para 2010 2 bilhões de litros* 2 bilhões de litros

 


  • 80% do biodiesel na China é feito de óleo reciclado de restaurantes
  • 70% da energia chinesa depende do carvão
  • O mercado de diesel é duas vezes maior que o mercado de gasolina
  • A China é o maior importador do mundo de óleos vegetais comestíveis
  • Falta de terras cultiváveis é o maior entrave para o crescimento do biodiesel na China

 



Mamona
Nesta semana ficamos conhecendo mais detalhes da estratégia da Brasil Ecodiesel em relação a mamona, falando a Reuters o presidente da empresa afirmou que fazer biodiesel de mamona é mais barato que de óleo de soja comprado das esmagadoras, desde que a produção de mamona venha de parcerias com a agricultura familiar. E a intenção da empresa é fechar o ano com 25% de mamona e girassol comprada junto a agricultores familiares parceiros, aumentando em 2008 para 30-40%. Fica claro o desejo da Brasil Ecodiesel de estruturar a cadeia de mamona com uma grande produção voltada para o biodiesel, a fim de diminuir o impacto das oscilações da soja no balanço financeiro. Mas para atingir este objetivo com a mamona, a empresa sabe que os produtores precisarão alcançar grande produtividade, pois uma alta produtividade por hectare garantirá renda ao produtor, mesmo com o preço baixo da mamona, incentivando e garantindo a confiança do produtor para futuros plantios. Por isso a Brasil Ecodiesel oferece incentivos àqueles produtores com maior produtividade.

Contrastando com o desejo da Brasil Ecodiesel de criar o mercado com a mamona, vimos esta semana produtores rurais que cultivaram mamona pela primeira vez no RS, ficarem insatisfeitos com o resultado econômico que obtiveram com a cultura. Esta é a conclusão da pesquisa feita pela Emater em dez lavouras-piloto de diferentes localidades no estado. Os agricultores decidiram voltar a plantar milho e feijão que possibilita duas safras por ano, proporcionando maiores lucros. Os problemas enfrentados pelos pequenos produtores de mamona gaúchos vêm de encontro à necessidade de ser efetuada no núcleo de produção ao menos a primeira etapa industrial, ou seja, a extração de óleo, com isto o produtor fica com a torta para adubo e vende somente o óleo, aumentando seu lucro e diminuindo custos com fretes. Isto vale para qualquer oleaginosa em qualquer parte do Brasil.


Alimento versus combustível
Este assunto continuará ocupando espaço na imprensa por muitos anos. Nesta semana o Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendou aos Estados Unidos e a União Européia, redução dos subsídios e das tarifas de importação de biocombustíveis. O objetivo é melhor aproveitar as capacidades de países com experiência na produção de biocombustíveis mais eficientes e com menores custos de produção, como o Brasil. O FMI advertiu também que a crescente demanda por biocombustíveis, em particular o etanol feito com milho, causa um aumento dos preços dos grãos e dos alimentos, aproximando os preços do óleo de soja ao do petróleo, afetando o preço do trigo, do arroz e exercendo pressões sobre o preço da carne, do leite e aves.

A redução dos subsídios e tarifas de importação nos países desenvolvidos faria com que nossa produção chegasse a estes países com mais facilidade e com melhores preços para o exportador. Produto agrícola para exportar neste ano o Brasil terá. A produção nacional de milho de 51 milhões de toneladas, somadas ao estoque anterior de 5,3 milhões de toneladas, deduzido o consumo de 39,5 milhões de toneladas e a exportação recorde prevista para este ano de 7,5 milhões de toneladas, ainda deixam um estoque de passagem de 9,5 milhões de toneladas, o maior estoque dos últimos 8 anos. Estes números constam no relatório divulgado pela Conab. Existe folga nos estoques para aumentar a exportação sem comprometer o abastecimento interno. Se for considerado o estoque médio dos últimos oito anos, de 5 milhões de toneladas, poderemos aumentar as exportações em mais 4,5 milhões de toneladas.

O relatório da CONAB indica também que o Brasil terá o segundo menor estoque de passagem de arroz dos últimos 8 anos, de 390 mil toneladas apenas. No ano anterior este estoque foi de 1.537 mil toneladas. O que está fazendo o preço do arroz subir, não foi a troca que o produtor fez por outra cultura, mas sim o preço baixo dos últimos anos. O preço baixo do produto no supermercado não foi em razão de uma política governamental, mas sim fruto de prejuízo do produtor rural, que obviamente reduziu o plantio, diminuindo a oferta e com isto provocando um aumento do preço. Nas áreas de arroz irrigado, principalmente no Rio Grande do Sul, ou se planta arroz, ou se planta arroz.


As mais lidas da semana

1 Cultivo de mamona desagrada a agricultores

2 Espaçamento, adensamento e podas do pinhão manso

3 Com reservas limitadas de soja, China procura Brasil

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6 O leão talvez não seja manso

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