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Análise Semanal 06.out.08
Brasil Ecodiesel
Esta semana a Brasil Ecodiesel conseguiu uma liminar que garante a entrega do biodiesel vendido por ela nos leilões 10 e 11 da ANP. Antes de conseguir a liminar, a empresa tinha perdido o direito de entregar mais de 63 milhões de litros de biodiesel no último trimestre do ano. Sem essas entregas, a Ecodiesel poderia utilizar muito pouco de sua capacidade de produção.
A Brasil Ecodiesel passa por um momento delicado: produziu muito pouco biodiesel no ano e corre o risco de ficar impedida de produzir no último trimestre. Contudo a empresa tem feito um grande esforço para sair dessa situação. Um exemplo disso é a negociação das dívidas da empresa. O parcelamento e novo crédito conseguidos dão novo fôlego para retomar sua produção. Além disso, as ações contra a Petrobras e a ANP mostraram que a empresa está disposta a usar todos os recursos legais para se manter no jogo.
A permanência da empresa no setor é fundamental para que o Brasil antecipe o B5. Mas para isso a Ecodiesel precisa produzir com regularidade e em quantidade compatível com o seu tamanho. Este ano a empresa não conseguiu transmitir essa segurança, mas sua diretoria está motivada a reverter essa situação nos próximos meses.
Sem Ecodiesel
Com todos os problemas enfrentados pela Brasil Ecodiesel neste ano, alguns chegam a achar que a empresa não consegue sobreviver mais um ano, embora a maioria dos envolvidos com biodiesel torça para que a empresa consiga se reestruturar. Dessa forma, quais seriam as conseqüências ruins com a saída dela do setor?
O Brasil tem hoje uma capacidade de produção autorizada de pouco mais de três bilhões de litros de biodiesel, mas essa não é a capacidade de produção real. Se levado em conta que no último leilão a oferta total de biodiesel foi de cerca de 440 milhões de litros, estaríamos próximos de atingir o B4. Contudo, se tirarmos as ofertas da Brasil Ecodiesel, não haveria possibilidade do setor pressionar um aumento da mistura para B4 no próximo ano. Para ir ao B4 o setor precisaria que novas usinas fossem inauguradas ou as atuais produtoras ampliadas, garantindo uma margem de segurança para o governo. Dessa forma, o caminho mais rápido para o setor conseguir o B4 no Brasil é com a Brasil Ecodiesel produzindo de forma regular e compatível com o tamanho de suas usinas.
Outro problema causado pela ausência da Ecodiesel seria a imagem do setor. Como ela foi a primeira grande empresa a entrar neste mercado, é a única a ter ações na bolsa e tem a maior capacidade instalada, seu nome está fortemente ligado ao setor. A diminuição da produção e os problemas financeiros que ela enfrenta já fazem com que investidores olhem o mercado de biodiesel com mais cautela. Caso ela saísse do mercado, muitos entenderiam que o problema é do setor de biodiesel, e não da empresa.
Plano Nacional sobre Mudança do Clima
O Ministério do Meio Ambiente publicou dia 29/09 a portaria 03, para tornar público o “Plano Nacional sobre Mudança do Clima”.
Essa consulta pública é o primeiro passo para a elaboração das diversas políticas públicas que deverão ser implementadas com o objetivo de diminuir ou até evitar a emissão de carbono. Políticas essas que deverão estabelecer diretrizes para a recuperação de áreas degradadas ou alteradas na região Norte, usando plantas perenes exóticas ou nativas para fins energéticos; dar suporte ao manejo sustentável da floresta; priorizar culturas de entressafra nas regiões agrícolas brasileiras, visando o aumento da produção de grãos sem a necessidade de abrir novas áreas. Além disso, criar mecanismos para resolver de uma vez os problemas dos pequenos agricultores do semi-árido nordestino.
Os potenciais países importadores de biocombustíveis acenam com barreiras ecológicas, sociais e ambientais para a compra. Cabe ao Brasil, se quiser participar desse mercado, fazer a sua parte. E o Plano Nacional sobre Mudança do Clima parece ser a demonstração de boa vontade do governo brasileiro. Colocar em prática e fazer com que as boas intenções contidas no plano cheguem ao homem do campo e se tornem realidade será o principal obstáculo a ser suplantado. Somente boas intenções não resolvem o problema.
O plano prevê também o apoio à agricultura familiar. Isso já foi visto desde o início. O PNPB também previa inserir a agricultura familiar na produção de biodiesel, e o resultado é o que estamos vendo. Os poucos pequenos produtores inseridos na produção de biodiesel estão utilizando soja.
A esperança é que durante a consulta pública surjam alternativas práticas e que estas sejam efetivamente implementadas na agricultura familiar. Todos os envolvidos com biodiesel, inclusive os Ministérios, sempre defenderam e sabem que a produção de energia da biomassa, em especial a produção de matérias-primas para biodiesel, pode fazer a diferença na agricultura familiar.
Cotação
A semana encerra com grande queda no preço do óleo de soja na Bolsa de Chicago. Do fechamento da bolsa do dia 26/09 para o dia 03/10 a queda foi superior a 11%. Essa baixa não tem ajudado as usinas de biodiesel na semana, já que seu efeito foi anulado pela alta valorização da moeda americana.
A soja também vem apresentando sucessivas baixas. No trimestre encerrado em 30/09 ocorreu a segunda maior queda em um único trimestre. Caiu mais de 30%. A primeira vez que isso aconteceu foi em 1973.
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