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Petrobras aposta na cultura do girassol, apesar da baixa produção


Tribuna do Norte - 29 set 2008 - 05:02 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:07

A previsão de quebra de safra do plantio de sementes de girassol para o programa de biodiesel da Petrobras, que vai contar apenas com cinco mil quilos plantados por agricultores familiares e duas cooperativas, uma da região do Mato Grande e outra do Vale do Apodi, na região Oeste, não significa que o Programa Estadual de Agro-energia (PARN) vai sofrer solução de continuidade. Para o coordenador da Petrobras Biocombustíveis no Rio Grande do Norte, Ulisses Soares, tem que se considerar “o pioneirismo” do programa, além do fato de que o girassol “se trata de uma cultura nova” para os agricultores do Estado, que, como o resto do Brasil, têm a tradição de plantar mais o algodão, milho, soja e feijão, dentre outras culturas.

Ele traça um cenário otimista para o futuro do Programa Estadual de Agroenergia (PARN), que está sendo executado em parceria com o governo estadual, através de órgãos como a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) e o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).

Mesmo que não tenha se configurado o plantio das 46 toneladas de sementes de girassol,  previstas durante o lançamento do programa em fevereiro deste ano pelo governo do Estado, e apesar dos prejuízos para as familias de agricultores que se engajaram no projeto – como mostrou a TRIBUNA DO NORTE na edição do domingo (20), Ulisse prefere destacar que a tecnologia empregada no programa de biodiesel “é o que existe de melhor no mundo”, desenvolvida no Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), que está instalado na Ilha do Fundão, Rio de Janeiro.

O que a Petrobras tem a dizer sobre o atual cenário do Programa Estadual de Agro-energia (PARN) tocado em parceria com o governo estadual, diante do plantio de girassol abaixo do que foi inicialmente planejado?
A Petrobras fez um contrato com a Emater para fomentar e dar assistência técnica para o plantio de 13 mil hectares de girassol com a agricultura familiar, onde também foi entregue sementes de alta qualidade para serem plantados seguindo um pacote tecnológico definido pela Emparn, objetivando uma alta produtividade. Contudo, em função de diversos problemas, só foram plantados 2.500 hectares no Programa com a Emater e 2.500 hectares com duas cooperativas independentes. Alguns agricultores plantaram conforme a recomendação técnica e obtiveram uma alta produtividade, como é demonstrado nos dias de campo promovidos pela Emater. Outros agricultores não plantaram conforme a recomendação e terão uma pequena produtividade. As sementes que não foram plantadas estão sendo recolhidas pela Petrobras para análise da sua qualidade, objetivando plantio para a safra 2009.

Então, as plantas das usinas de biodiesel precisam importar sementes de outros estados para processar o óleo experimentalmente?
As plantas piloto de Guamaré terão uma capacidade para processar 18 milhões de litros por ano. Contudo, como também são plantas de pesquisa para melhorar a tecnologia de fabricação do biodiesel, a produção anual será menor porque temos a função de testar diversos tipos de oleaginosas de todo o país para poder dar suporte as plantas industriais. Por isso é necessário trazer grãos de fora.

Qual foi o custo da Petrobras na distribuição dessas sementes, em muitas áreas houve quebra de safra, por diversos problemas, como vai ficar o agricultor nessa situação?
A Petrobras fez um convênio com a Emater com um custo em torno de R$ 1,4 milhões e, onde houve quebra de safra será feita uma avaliação deste fato porque, quem plantou conforme as recomendações do programa, com adubação, tratos culturais adequados e sementes selecionadas obteve uma boa produção.

E como está, realmente, a produção de biodiesel ou como se encontra hoje o estágio desse programa da Petrobras no Rio Grande do Norte?
Atualmente as duas plantas estão em manutenção. Uma das plantas está sendo transformada para operar em regime contínuo e a outra, está em fase de conclusão da pesquisa de rota tecnológica que produz biodiesel a partir do grão de girassol.

Procede a informação extra-oficial de que a Petrobras adquiriu semente de girassol desenvolvida pela Emparn no Estado e que foi distribuída no Ceará, onde a cultura teria se desenvolvido melhor do que aqui, no RN, onde foi distribuído outro tipo de semente, que não da Emparn?
A Petrobras adquiriu sementes de girassol da Emparn para fazer um pequeno teste no Estado do Ceará, visto que, naquele Estado ainda nem existe o Zoneamento da Cultura do Girassol. Como a cultura foi plantada sem as recomendações técnicas, a produção ficou bem abaixo da expectativa. No Rio Grande do Norte, a Petrobras distribuiu dois tipos de sementes selecionadas que obtiveram a maior produtividade durante dois anos a partir de um ensaio desenvolvido pela Emparn utilizando 33 materiais diferentes de girassol. Por isso é que a cultura do Girassol apresentou bons resultados no Estado para os agricultores que plantaram conforme a recomendação técnica. Para a safra de 2009 iremos adotar um modelo de implantação baseado em Núcleos de Produção para minimizar as dificuldades dos agricultores da agricultura familiar e assegurar a aplicação de todas as recomendações técnicas necessárias para uma boa produção e, consequentemente, melhorar a renda dos agricultores.