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A lição da mamona ao Selo Combustível Social


Edição de Ago / Set 2014 - 20 jan 2014 - 10:59 - Última atualização em: 10 set 2014 - 17:25

Editorial da revista BiodieselBR nº 42

Nos planos do governo, a mamona era a estrela do programa de biodiesel. Na idéia encabeçada pelo ex-presidente Lula, a planta se desenvolveria no Brasil até ser a principal matéria-prima do Selo Combustível Social.

Muitas variáveis ainda eram dúvidas e levantavam desconfianças sobre o projeto social e energético baseado na mamona. Apesar disso, o governo mantinha uma postura rígida e externava segurança e unanimidade onde não existia. Os argumentos contrários acabavam sendo rotulados e a discussão não avançava diante da postura unilateral dos governantes sobre o assunto.

A iniciativa da Brasil Ecodiesel com a oleaginosa – e depois a da Petrobras – sustentava a esperança do governo. Internamente, defender a mamona era diretriz, mesmo que os argumentos não fossem consistentes.

Admitir o fracasso da mamona e deixar os agricultores nordestinos sem qualquer opção não se alinhava com a imagem do ex-presidente, fortemente atrelada ao social. A mamona passou, assim, a ser mais que uma planta capaz de fornecer óleo para a indústria de biodiesel e ganhou status de símbolo do planejamento governamental na área social.

A postura não contribuiu para direcionar o debate para níveis mais elevados e a mamona desapareceu das estatísticas do setor. A planta reapareceu no discurso da presidente Dilma Rousseff no anúncio do B7: “Difícil foi quando ficou visível que não dava para fazer biodiesel de mamona.”

A fala, enfim, enterrou a mamona. Porém, não livrou o governo de outro fardo, o Selo Combustível Social. Esta estrutura social que carregou a mamona para o ostracismo sofre hoje do mesmo mal que acometeu a oleaginosa esperança do Nordeste. A iniciativa do selo está repleta de problemas e posições inconsistentes, mesmo assim o governo segue impedindo o avanço do debate com a profundidade e inteligência necessárias. A revista BiodieselBR já organizou dois eventos exclusivos sobre o assunto e tem documentado em detalhes esta situação condenável.

Agora, cada vez mais enraizado nos meandros do Ministério do Desenvolvimento Agrário, a solução para o selo social torna-se gradativamente mais difícil.

Julio Cesar Simczak Vedana - DIretor de Redação