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[Editorial] A evolução dos leilões de biodiesel


Edição de Jun / Jul 2012 - 20 jun 2012 - 13:28 - Última atualização em: 10 jul 2012 - 17:23

Os leilões de biodiesel foram estabelecidos na origem do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel. Durante a estruturação do PNPB, o papel principal desse mecanismo foi incentivar a iniciativa privada. O controle do mercado foi incidental, já que tal objetivo poderia ter sido atingido de outras formas. Questões como qualidade, competência e localização das usinas foram deliberadamente deixadas de lado para garantir a evolução do negócio pela iniciativa privada. Esta situação muda com a entrada, no último mês, do novo modelo de comercialização de biodiesel, com as distribuidoras colocadas no centro do processo. Agora são elas que decidem de quem comprar e por quanto.

Evidente que se trata de uma evolução. As reações das usinas, distribuidoras e demais agentes confirmam a aprovação das novas regras. Muitos dirão que as ações corretórias demoraram a chegar. Razões para esta afirmativa residem em antigos problemas, que se intensificaram nos últimos anos. As evidências da necessidade de reformulação não se encontravam apenas no limitado sistema Comprasnet, mas na forma como a disputa acontecia. A falta de oferta, de concorrência e a diferença entre os lotes com e sem selo foram uma constante.

Mas ainda é cedo para afirmar que o leilão proposto resolverá velhos problemas do setor. Após o famoso leilão 69/70, que fez o preço do biodiesel despencar numa competição predatória, o mercado adquiriu características próprias, bastante peculiares. O que se seguiu foi formação de estoque a preços elevados, leilões homogêneos e, por consequência, expansão industrial sem precedentes no setor.

Se o novo modelo conseguir controlar variáveis indesejadas, ele poderá marcar o início de uma nova fase para o mercado como um todo. Fase nova, mas não necessariamente positiva para todos. Usinas pequenas e médias podem começar a apresentar dificuldades, especialmente com a entrada de grandes esmagadoras e o limite da mistura parado em 5%.

Julio Cesar Simczak Vedana
Diretor de Redação