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[Cinética] A terceira associação do biodiesel e o recurso da Comanche


Edição de Fev / Mar 2012 - 08 mar 2012 - 11:56 - Última atualização em: 11 mar 2012 - 21:39

Por Miguel Angelo Vedana
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A terceira associação

Em 2011 ninguém ganhou o tão esperado aumento de mistura. Em compensação, ganhou uma nova associação e passou a contar oficialmente com a Aprobio e a Ubrabio como representantes da indústria. Muita gente ainda acha que o setor não comporta duas associações e que cedo ou tarde apenas uma permanecerá. Mas o que essas pessoas diriam se uma terceira associação surgisse? Pois saibam que é isso que está acontecendo. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) está começando a se comportar como uma nova associação de produtores de biodiesel. Os associados já se reúnem para discutir assuntos da área e estabelecer a posição da associação. E a entidade vem se manifestando publicamente sobre os problemas do setor, como aconteceu na consulta pública para a nova instrução normativa do Selo Combustível Social.

Afinidade

Apesar de estar começando a atuar no setor, a Abiove não quer disputar espaço com ninguém. E por isso estuda apresentar suas propostas, sempre que possível, juntamente com a Aprobio. Além disso, a intenção é ter uma pessoa da Abiove participando de algumas reuniões daquela entidade. Em meio a tanta afinidade, não seria nem um pouco surpreendente se alguns dos associados da Abiove viessem a fazer parte da Aprobio. A maior barreira para isso é a falta de competição nos leilões.

Tamanho

Hoje o quadro de associados da Abiove possui apenas uma empresa produzindo biodiesel, mas no começo de 2013 já serão quatro multinacionais de peso concorrendo no mercado. A ADM terá duas unidades; Bunge, Cargill e Noble, mais uma cada. No total, essas empresas terão uma capacidade de produção de mais de 1,3 bilhão de litros. Se não houver movimentação de usinas entre as associações até o final de 2012, a Abiove será a associação menos representativa em número de usinas e capacidade de produção. Contudo, se levarmos em conta o faturamento dos associados, ela fica em primeiro lugar, disparada.

Qualidade do biodiesel

Parece que os problemas com a qualidade do biodiesel foram reduzidos significativamente. Essa é a conclusão que podemos tirar de uma declaração de alguém importante no setor. Segundo o presidente do Sindicom, Alísio Vaz, depois de alguns meses sem registros de devoluções de cargas de biodiesel, no final de dezembro ou começo de janeiro alguns associados do sindicato tiveram de devolver alguns caminhões de B100 por não estarem dentro da especificação. Ao que parece, a origem foi um produtor de biodiesel que usa soja como matéria-prima. Como saem por mês cerca de 5 mil caminhões de biodiesel das usinas, o problema aconteceu apenas em uma fração muito pequena do volume movimentado.

Preocupação

Um fato ocorrido na fase de recursos do último leilão está deixando alguns usineiros preocupados. Uma nova turma que assumiu a Comanche em setembro de 2011 foi até a agência exigir que um recurso fosse considerado procedente. A empresa não havia apresentado a certidão negativa de débitos do INSS e por isso teve todas as suas vendas canceladas. Em resumo, era um recurso perdido. Mesmo assim, os recorrentes insistiram na procedência e começaram a falar mais do que era razoável para o momento. Pelo que se sabe até agora, eles deram à ANP a melhor explicação para a diferença de preço entre os lotes com selo e sem selo. A agência documentou as declarações.

Miguel Angelo Vedana é diretor-executivo da BiodieselBR e faz parte do conselho editorial da revista BiodieselBR.