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Pesquisa: Mão de obra


Edição de Jun / Jul de 2011 - 25 jul 2011 - 14:47 - Última atualização em: 19 jan 2012 - 10:16

Mão de Obra

Nem todos os problemas se resolvem com dinheiro. Álvaro Barreto, por exemplo, diz que uma das maiores dificuldades do INT hoje em dia é expandir ou renovar a equipe. “A gente tem conseguido obter os recursos para montar nossa equipe por meio de bolsas da CNPq, só que um bolsista não tem os mesmos direitos que um funcionário contratado. O que tem acontecido é que, depois desse bolsista ter sido treinado e estar no auge, aparece uma empresa que oferece para ele uma condição melhor. É como se a gente ficasse malhando em ferro frio”, protesta.

A saída é uma só: abrir mecanismos que permitam novas contratações definitivas. “Esse tem sido um problema generalizado em todos os institutos de pesquisa públicos. Precisamos de um instrumento que nos permita contratar com todos os direitos da CLT”, propõe Barreto.

Patentes

Outro problema crônico da pesquisa brasileira é a dificuldade em transformar conhecimento em oportunidades econômicas. Um estudo publicado no final de março pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) fez um levantamento das patentes relacionadas a biocombustíveis entre 2006 e o ano passado para comparar a performance de diversos países e entender como eles estão se preparando para manter sua competitividade dentro desse mercado. No que diz respeito ao biodiesel, a Cepal levantou dados relacionados à soja, colza, palma de óleo, pinhão- -manso e processos industriais.

Embora esteja em posição mediana na lista de patentes de soja (dividindo a 7ª posição com a Argentina) e processos industriais (6ª posição), é preocupante que o Brasil nem mesmo apareça nas outras três listas.

O pesquisador da Embrapa Soja e coordenador do eixo de agricultura da RBTB, Décio Luiz Gazzoni, avança um pouco sobre a sociologia para explicar a dificuldade. “Se você olhar para empresas de tecnologia como Google ou Facebook vai ver que elas derivam do espírito de empreendedorismo que existe dentro das universidades dos Estados Unidos. Lá os alunos formam empresas a partir do que pesquisam e os professores atuam como consultores ou até sócios desses novos negócios. Aqui no Brasil isso é impensável”, pondera. Contudo, o pesquisador declara-se otimista. “Eu e outros colegas que estão no meio universitário temos percebido essa mentalidade mudando. É algo que vem de uns 15 anos para cá e acho que vai se acelerar em breve”, arremata Gazzoni.

Um sinal desses novos tempos talvez já esteja esboçado na primeira versão do PAC da Ciência e Tecnologia. Daquele 1,5 ponto percentual do PIB que o MCT esperava destinar para o setor de pesquisa, bem mais de um terço viriam do setor privado – ator que tem incentivos óbvios para transformar ciência em novas oportunidades de faturamento.

No momento, o MCT está debatendo a edição 2011-2014 do PAC da Ciência e Tecnologia. Menezes informa que ainda é relativamente cedo para falar dos valores que o programa vai movimentar, mas ressalta que a “ideia é aumentar bastante” os recursos para a área de biodiesel. Ele informa que ainda não saberia dizer quanto dinheiro viria, mas se diz animado com as perspectivas de crescimento.

Outro motivo para otimismo está no fato de a RBTB ter sido convocada para debater o assunto. Claudio Mota estava visivelmente contente com essa novidade. “O importante é que há um movimento do ministério para resgatar a rede para ser um fórum de onde gastar esses recursos que estão para vir”, comemora.