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Rubens Freitas: Comercialização


Edição de Fev / Mar de 2011 - 25 fev 2011 - 12:38 - Última atualização em: 19 jan 2012 - 10:49
Os produtores sugeriram criar um grupo de trabalho para discutir um modelo alternativo de comercialização de biodiesel. Como está essa discussão?
Rubens Freitas
Quando você olha o futuro, quando você pega um biocombustível como o etanol e olha à frente, você não vê leilão. Você olha para os combustíveis fósseis e não vê leilão. Num futuro se espera que não haja leilão de biodiesel, ou seja, um mercado onde produtores e distribuidoras acertam qual é o preço justo, de acordo com os custos logísticos, de produção etc. O que não sabemos ainda é quando esse futuro vai acontecer, quando sairemos da sistemática de leilões para a sistemática de negociação livre. Com certeza isso vai acontecer. Agora, isso depende de uma série de fatores, como oferta, controle de custos, de qualidade. O que não pode ser feito, de uma forma leviana, é terminar de uma hora para outra os leilões, correndo o risco de faltar biodiesel em determinadas regiões do Brasil, porque isso iria contra a imagem do produto.

Como a ANP espera fiscalizar se o percentual de mistura realmente será feito conforme a lei exige?
Rubens Freitas
Da mesma forma que ela faz para o etanol hoje. A ANP tem o Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis, que engloba todos os combustíveis automotivos. Você tem a gasolina, o etanol hidratado e o óleo diesel B. Hoje a ANP já faz isso. Ela retira amostras dos postos, verifica em laboratório se estão dentro da especificação e divulga no site da ANP as não conformidades. Hoje a não conformidade do óleo diesel B está quase em 4%. Um terço disso é em relação ao teor da mistura, então a ANP já faz isso independentemente de leilão. O teste do etanol é muito simples, não custa nada, você pega uma proveta com água destilada, mistura e já sai ali imediatamente o teor de anidro que tem na gasolina A. O do biodiesel não, ainda não há equipamento economicamente viável para que milhares de revendas varejistas comprem para fazer o teste lá no posto. Por isso é importante os pontos de controle de especificação, tanto na saída do produto nas usinas, como na saída do produto nas distribuidoras. As revendas não conseguem fazer esse teste de teor. O que elas fazem é recolher amostras-testemunho do produto para, caso o produto esteja fora de especificação ou não conforme, ela possa apresentar a amostra da empresa tal.

Com a entrada do diesel com menos teor de enxofre, como vai ficar a estrutura de fiscalização da ANP?
Rubens Freitas
A ANP fez um plano nacional de abastecimento do óleo diesel com baixo teor de enxofre. Ele estará disponível no mercado a partir de janeiro de 2013, com o S10, que vai abastecer uma frota de veículos de ciclo diesel rodando só com esse tipo de diesel. Você vai entrar em uma revenda varejista e vai ter lá uma bomba de óleo diesel S10 e uma bomba de óleo diesel S500, já que o S1800 vai deixar de existir em primeiro de janeiro de 2014. Vai haver um programa de orientação para que lá na revenda o frentista não abasteça um veículo fabricado depois de 2012 com óleo diesel S500, senão o veículo vai parar. Quer dizer, não é aquela adulteração que você só descobre meses depois, você descobre na hora. E com um detalhe a mais, esse óleo diesel com baixo teor de enxofre, e que também vai ter o biodiesel misturado, também vai requerer um reservatório de ureia no veículo. A tecnologia desse motor precisa dessa ureia no catalisador do veículo para reduzir as emissões, principalmente de óxido de nitrogênio. A ANP vai continuar com seu programa de monitoramento da qualidade, não vai mudar nada. Hoje nós já temos um óleo diesel para o interior e um metropolitano, diferenciados por um corante vermelho para facilitar a verificação.