Desenvolvimento nacional: diesel e biodiesel
O ano de 2010 ficará marcado
na história por muitos
motivos. Um deles, por
ter sido o ano em que o
Brasil ultrapassou a marca dos
50 bilhões de litros de diesel consumidos
internamente, com o B5
incluso. Apesar de a ANP ainda
não ter divulgado os números de
dezembro, a produção de diesel e
biodiesel, somadas as importações
de diesel, deve ficar próxima de 53
bilhões de litros. Outra lembrança
menos agradável será porque as
importações de diesel bateram todos
os recordes e chegaram perto
dos 10 bilhões de litros.
Para 2011, com as previsões
de crescimento do Produto Interno
Bruto de aproximadamente
6% e sem grandes aumentos
do refino interno de diesel, as
importações do produto devem
continuar altas.
O déficit de diesel, da ordem
de 10 bilhões de litros em 2010,
poderá chegar a 13 ou 14 bilhões
de litros em 2011 e ultrapassar os
16 bilhões em 2012. Aumentos
significativos de refino de diesel
somente a partir de meados
de 2012, com a inauguração da
Refinaria Abreu Lima em Pernambuco,
e em 2014, quando o
Complexo Petroquímico do Rio
de Janeiro (Comperj) deverá iniciar
a produção. Em 2011, a Refap
de Araucária (PR) deverá ter suas
obras de ampliação concluídas,
mas o aumento de refino de diesel
nessa unidade será pequeno.
Todas as
ampliações de
capacidade de
refino da Petrobras
programadas
para
os próximos
anos não serão
suficientes
para atender
o aumento de
demanda interna
do combustível
caso
o país cresça
6% ou 7% ao ano. Se o diesel tiver
um aumento anual de consumo
de 6%, em 2015 serão consumidos
quase 67 bilhões de litros.
Enquanto a Petrobras se
desdobra em investimentos altíssimos
na construção de grandes
refinarias (que, aliás, deviam
ter sido feitos há muito tempo),
o país tem espalhado em todas
as regiões dezenas de usinas de
biodiesel. Em 2011, ultrapassarão
a marca de 6 bilhões de litros de
capacidade. Tudo isso para uma
demanda congelada em torno de
2,5 bilhões de litros, uma ociosidade
nominal de 60%. Apesar
desta não ser a capacidade real,
rapidamente será.
Aumentar a mistura de biodiesel
no diesel de petróleo traz
reflexos no preço
do diesel na bomba,
mas será que
é mais vantajoso
continuar com
uma importação
cada vez maior do
produto ou produzir
mais biodiesel
internamente, gerando
mais empregos,
renda e aliviando
a balança
comercial?
O biodiesel
tem potencial para ajudar enormemente
o Brasil. Além de reduzir
importações, pode aumentar a
produção de grãos, gerar empregos,
financiar pesquisas, inclusive
aumentar as exportações. Temos
um potencial gigantesco que
pode ser utilizado se forem feitos
ajustes legais. Precisamos apenas
mostrar para os legisladores e governantes
o tamanho do benefício
econômico que mudanças fiscais
e metas de longo prazo trariam.
E o dendê promete vir com força
suficiente para que tenhamos
outra opção socialmente melhor.
Univaldo Vedana é analista do setor de biodiesel