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Desenvolvimento nacional: diesel e biodiesel


Edição de Fev / Mar de 2011 - 18 abr 2011 - 11:05 - Última atualização em: 19 dez 2011 - 12:46

O ano de 2010 ficará marcado na história por muitos motivos. Um deles, por ter sido o ano em que o Brasil ultrapassou a marca dos 50 bilhões de litros de diesel consumidos internamente, com o B5 incluso. Apesar de a ANP ainda não ter divulgado os números de dezembro, a produção de diesel e biodiesel, somadas as importações de diesel, deve ficar próxima de 53 bilhões de litros. Outra lembrança menos agradável será porque as importações de diesel bateram todos os recordes e chegaram perto dos 10 bilhões de litros.

Para 2011, com as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto de aproximadamente 6% e sem grandes aumentos do refino interno de diesel, as importações do produto devem continuar altas.

O déficit de diesel, da ordem de 10 bilhões de litros em 2010, poderá chegar a 13 ou 14 bilhões de litros em 2011 e ultrapassar os 16 bilhões em 2012. Aumentos significativos de refino de diesel somente a partir de meados de 2012, com a inauguração da Refinaria Abreu Lima em Pernambuco, e em 2014, quando o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) deverá iniciar a produção. Em 2011, a Refap de Araucária (PR) deverá ter suas obras de ampliação concluídas, mas o aumento de refino de diesel nessa unidade será pequeno.

Todas as ampliações de capacidade de refino da Petrobras programadas para os próximos anos não serão suficientes para atender o aumento de demanda interna do combustível caso o país cresça 6% ou 7% ao ano. Se o diesel tiver um aumento anual de consumo de 6%, em 2015 serão consumidos quase 67 bilhões de litros.

Enquanto a Petrobras se desdobra em investimentos altíssimos na construção de grandes refinarias (que, aliás, deviam ter sido feitos há muito tempo), o país tem espalhado em todas as regiões dezenas de usinas de biodiesel. Em 2011, ultrapassarão a marca de 6 bilhões de litros de capacidade. Tudo isso para uma demanda congelada em torno de 2,5 bilhões de litros, uma ociosidade nominal de 60%. Apesar desta não ser a capacidade real, rapidamente será.

Aumentar a mistura de biodiesel no diesel de petróleo traz reflexos no preço do diesel na bomba, mas será que é mais vantajoso continuar com uma importação cada vez maior do produto ou produzir mais biodiesel internamente, gerando mais empregos, renda e aliviando a balança comercial?

O biodiesel tem potencial para ajudar enormemente o Brasil. Além de reduzir importações, pode aumentar a produção de grãos, gerar empregos, financiar pesquisas, inclusive aumentar as exportações. Temos um potencial gigantesco que pode ser utilizado se forem feitos ajustes legais. Precisamos apenas mostrar para os legisladores e governantes o tamanho do benefício econômico que mudanças fiscais e metas de longo prazo trariam. E o dendê promete vir com força suficiente para que tenhamos outra opção socialmente melhor.

Univaldo Vedana é analista do setor de biodiesel