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Alexandre Parker: Novas misturas


Edição de Dez 2010 / Jan 2011 - 15 dez 2010 - 09:38 - Última atualização em: 19 jan 2012 - 11:11
Revista BiodieselBR Como está o processo para implantação de maiores misturas de biodiesel no diesel? Há o indicativo de que a Anfavea vá apoiar o aumento do teor?
Alexandre Parker
Ainda não. O que acho que a Anfavea gostaria de ver são mais testes. Queremos fazer mais testes, seja de bancada ou de campo, com essas misturas maiores.

E qual seria esse novo teor a ser testado?
Alexandre Parker
Aí depende do que for proposto. O importante é sentar e conversar sempre sobre uma base técnica.

Algumas montadoras têm feito testes localizados com B10 e B20. Vocês já têm resultados preliminares desses testes? Eles facilitam a antecipação de novos teores?
Alexandre Parker
De certa maneira, sim. O que vai ajudar muito a validar esses testes com misturas maiores é a especificação da ANP das misturas de B6 a B20. Essa especificação vai determinar o parâmetro da qualidade do combustível. Hoje temos esses testes em locais e realidades diferentes. E o que existe é a especificação do diesel e do biodiesel separados, não da mistura. Havendo uma publicação especificando essa mistura, com certeza vai favorecer a validação desses testes.

O fato de o país estar incentivando o uso de diversas oleaginosas na produção de biodiesel dificulta isso?
Alexandre Parker
Cria uma dificuldade porque variando a matéria- -prima variam os parâmetros do combustível. Mas tendo esse parâmetro mínimo da mistura da ANP, aí você nivela isso. Seria com certeza um grande auxílio para a validação desses testes. Para que se possa torná-los mais significativos.

Como fica a situação da Argentina, que instituiu o B7 sem o aval da indústria de motores?
Alexandre Parker
O que estamos recomendando é que o intervalo entre as manutenções seja menor. Hoje tem intervalo de manutenção para motores até o B5. Para misturas maiores, como a gente não conhece muito bem como os motores vão se comportar, simplesmente recomendamos que se faça uma manutenção mais rigorosa e se diminua os intervalos de manutenção para reduzir os problemas. É muito mais no sentido de precaução, porque não conhecemos o que vai acontecer. Um ou outro fabricante de motor já fez testes e sabe o que precisa ser feito. Mas outros não. Têm apenas o conhecimento das experiências alheias. E elas têm apontado para a necessidade de se fazer a manutenção com mais freqüência. É o que o mostraram os meus testes. A experiência de todos diz assim. Como temos que responder legalmente pelos veículos, pela durabilidade dos motores e funcionamento, preferimos ser precavidos e determinar um período de manutenção que mantenha o veículo sempre funcionando.

Mas quem paga esse aumento no custo de manutenção?
Alexandre Parker
O proprietário vai ter que cobrir isso. Se um veículo está rodando hoje com B5 e amanhã vai rodar com B7, vai ter que passar a fazer a manutenção com maior freqüência. E isso é pago pelo proprietário. O que estamos recomendando é: se você passou a usar uma mistura com B7, troque o óleo com menos quilômetros rodados e faça a manutenção com menor intervalo de tempo. O cliente é que vai ter que arcar com isso porque o óleo, por exemplo, não é coberto por garantia.

Vamos dizer que daqui a um tempo esse veículo apresente um defeito. A indústria vai pagar pela reposição do equipamento defeituoso?
Alexandre Parker
Vamos ter que avaliar.

Existe a chance de não cobrir?
Alexandre Parker
Se ele não seguiu esse pacote de manutenção diferenciado, é possível que não [cubra]. Existem fabricantes que nem autorizam o uso acima de B5. Aí é complicado. Por isso que é mais salutar ouvir a indústria antes de se optar por um novo teor. Na Argentina foi uma decisão política.

De quanto tempo a indústria precisaria para avalizar a implantação de novas misturas?
Alexandre Parker
Os testes normalmente são realizados no período entre um ano e um ano meio. Para o B5, levou isso. Acredito que seja a mesma coisa para fazer o B6, o B20. Mas hoje não estamos fazendo nenhum teste nesse sentido. Uma idéia inicial é fazer como foi feito no programa nacional que instituiu o B5. Fazer um programa com o governo, com cronograma. A especificação da ANP já abre uma porta para isso.

Vocês fariam esses testes já até o B10?
Alexandre Parker
Tem que conversar e ver qual o interesse de todos. Ver aonde é que pode convergir o interesse de cada um. Porque há quem fale em B6, B7, e há quem defenda o B20. O importante é que todos os envolvidos sejam ouvidos e que se chegue a um consenso.