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Estudo: Dependência da soja


Edição de Dez 2010 - 15 dez 2010 - 13:27 - Última atualização em: 19 jan 2012 - 11:22


Dependência da soja 

O estudo indicou que a soja vai continuar tendo uma participação importante no mercado na próxima década. As projeções mostramque em 2020 ela corresponderá a 70% do biodiesel nacional, pouco abaixo da média de 83% registrada este ano. “A soja é um lastro importante para o biodiesel. Ela não é nenhum bicho-papão, e não é para ninguém ficar assustado com isso. A soja tem uma cadeia forte. Utilizá- la é uma decisão econômico- -financeira”, diz Guarany.

A expansão do setor de biodiesel vai agregar ainda mais valor à cadeia da soja. Em vez de exportar metade da produção de soja em grão, como atualmente acontece, o estudo indica que o Brasil vai passar a exportar mais proteína na forma de farelo, devido à projeção de crescimento da população mundial e em função do aumento do consumo de carne. Com o biodiesel, o Brasil poderá exportar em 2020 cerca de 28 milhões de toneladas de farelo de soja e obter uma receita de US$ 8,4 bilhões. Sendo um subproduto da produção de farelo, a oferta de óleo estará, portanto, garantida.

O PNPB deverá ser o principal vetor para o desenvolvimento de diversas culturas oleaginosas que ainda têm pouca presença no agronegócio nacional. A safra das oleaginosas alternativas à soja crescerá aproximadamente 3,9 milhões de toneladas, um aumento de cerca de dez vezes em relação à atual produção. Matérias-primas como girassol, canola, dendê e mamona terão uma participação de cerca de 25% na fabricação de biodiesel em 2020. Os 5% restantes deverão vir do sebo e do óleo de algodão. O estudo considerou os dados do IBGE para projetar o uso de sebo. No entanto, esses números do IBGE são desconsiderados pelo mercado por fazerem um levantamento inacurado da pecuária brasileira.

A FGV Projetos estima que R$ 14,9 bilhões devem ser investidos na estruturação das novas culturas oleaginosas. Isso trará mudanças significativas na distribuição de renda daqueles Estados que hoje participam timidamente da cadeia produtiva do biodiesel. Regiões como o Norte e o Nordeste deverão ter uma participação maior no programa nos próximos anos, princip almente devido ao Programa de Produção Sustentável de Palma, que deverá concentrar a produção da palmácea no Pará. O coordenador ressalta que o PIB do Estado terá grande crescimento, da mesma forma como aconteceu nos principais países produtores – Malásia e Indonésia. O programa do dendê não é direcionado exclusivamente ao mercado de biodiesel, uma vez que o óleo tem grande valor no mercado de alimentos e de cosméticos, mas o setor certamente vai colher os benefícios. “Se não tivesse o programa de biodiesel, haveria esse programa da palma? Dificilmente, ou não nessa velocidade”, analisa Guarany.

Ao contrário da Europa, o Brasil tem condições de expandir a produção agrícola sem comprometer sua biodiversidade. “Tirando a floresta amazônica, claro, nós não temos nenhuma restrição de área para produção de oleaginosas”, diz o coordenador da FGV. O país possui 106 milhões de hectares de áreas agrícolas e 220 milhões de hectares de pastagens subutilizados que poderiam ser convertidos para o plantio de oleaginosas.

A fase agrícola é responsável por gerar 72% do valor da cadeia do biodiesel, e é nesse elo que está a maior capacidade de absorver mão-de-obra. Até 2020, o setor poderá gerar 531 mil empregos diretos no campo. O programa tem sido uma grande oportunidade de geração de renda para a agricultura familiar. Este ano devem ser gastos R$ 980 milhões com aquisição de matérias-primas de pequenos produtores. A inclusão social, um dos pilares do programa, deverá crescer junto com a diversificação de matérias-primas. Atualmente, 20% do biodiesel produzido no país tem participação da agricultura familiar, que hoje soma 100 mil famílias. Segundo o estudo, em 2020 o número poderá chegar a 570 mil famílias.