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Cinética: A mensagem das usinas


Edição de Dez 2010 / Jan 2011 - 15 dez 2010 - 07:40 - Última atualização em: 22 dez 2011 - 13:36

Por Miguel Angelo Vedana

Leilão
O resultado do último leilão da ANP surpreendeu muita gente, inclusive as cerca de dez pessoas que o acompanhavam na sede da agência. Todos esperavam uma disputa parecida com a ocorrida no certame anterior, já que a demanda era menor e a oferta, maior. Logo que começou, os itens foram fechando em patamares bem distantes do esperado. Quando se percebeu que o padrão seria de poucas ofertas em cada item e que alguns ficariam mais de dez minutos sem receber qualquer oferta, algumas dúvidas foram levantadas. A principal: como as usinas podem pedir uma mistura maior se há tão poucas ofertas acontecendo. Entre os presentes ficou evidente que a oferta real de biodiesel estava bem próxima da demanda.

Há capacidade, falta soja
É claro que a capacidade de produção de biodiesel no Brasil é bem superior ao que foi ofertado no 20º leilão. O principal motivo, segundo algumas usinas, foi a incerteza no mercado de soja. Se o problema da pouca oferta foi realmente a dúvida quanto à disponibilidade de soja no começo de 2011, o setor está correndo sério risco de falta de matéria-prima. Já imaginaram como teria sido o 20º leilão se fosse comprado biodiesel para B7? Haveria disponibilidade de soja para 840 milhões de litros de biodiesel? Em que preço ficaria o biodiesel? Tem gente importante fazendo essas perguntas.

A capacidade vai crescer

Existem 2,43 bilhões de litros de biodiesel esperando autorização para construção ou ampliação na ANP. O volume é quase igual à demanda por B5 em 2010. Se somados ao volume de biodiesel já autorizado, o Brasil passará a ter mais de 8 bilhões de litros de capacidade instalada, o suficiente para suprir um B16. E nesse número não estão incluídas algumas das grandes usinas anunciadas nos últimos meses, como a da ADM em Joaçaba (SC), da Noble em Rondonópolis (MT) e da Potencial na Lapa (PR). Por maior que seja a boa vontade do governo, não haverá como absorver toda essa oferta de biodiesel no mercado interno. Quem quiser se manter como produtor de biodiesel vai ter que estar à frente da concorrência, além de encontrar novos mercados.

Um novo setor de biodiesel

Além da construção de novas usinas, que entrarão em funcionamento a partir do segundo semestre e em 2012, o ano de 2011 será marcado pelas mudanças legais no setor. São esperadas mudanças profundas na forma de obtenção, manutenção e retirada do selo Combustível Social. Um novo marco legal para o setor será discutido e deve expandir a obrigatoriedade do uso de biodiesel para B20 em um período maior que dez anos. Uma mudança na especificação do biodiesel também é cogitada para resolver alguns problemas das distribuidoras e postos de combustíveis. Melhoras nas condições de exportação do biodiesel estão sendo analisadas e podem ser implementadas ainda em 2011. Com tanta mudança em vista, dá para dizer que é um novo setor que surgirá nos próximos dois anos.

Exportando empresa de biodiesel
Nos próximos anos, várias empresas estrangeiras investirão no mercado brasileiro de biodiesel. Será a maior entrada de empresas multinacionais no setor de produção que o país já viu. Apesar de inédita, essa situação já era esperada. Inesperado seria o movimento contrário – empresas de biodiesel do Brasil construindo usinas em outros países. E não é que isso está acontecendo? Na realidade, não chega a ser um movimento, pois apenas uma empresa está colocando um pé fora do Brasil. A BSBios se associou a uma usina de biodiesel nos EUA, mais especificamente em Miami. É uma usina pequena, de cerca de 10 milhões de litros por ano, e que usará como matéria-prima óleo de cozinha usado. O objetivo é entender melhor o mercado americano.

Tags: Cinética