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O Selo Combustível Social está no centro do problema


Edição de Out / Nov de 2010 - 15 out 2010 - 08:20 - Última atualização em: 22 dez 2011 - 16:10
Editorial

Apesar de muitos envolvidos com o biodiesel terem interesse na diversificação de matérias-primas – entre eles o governo e algumas usinas –, a soja cresce em participação a cada ano. No atual modelo estruturado pelo PNPB, a ampliação da mistura de biodiesel no diesel provoca o efeito indesejado de aumento da participação e importância da soja.

Mudanças precisam ser feitas e o selo Combustível Social está no centro do problema. Não é de hoje que a BiodieselBR critica as regras do selo e a atuação do MDA. A lentidão na identificação dos problemas e na condução de mudanças já é conhecida de todo o mercado, inclusive de profissionais da esfera governamental.

As metas não alcançadas de inclusão social são o menor dos problemas do MDA. O ponto chave para o insucesso desta nobre iniciativa é a participação dos pequenos produtores de soja. Quando o governo exalta que o biodiesel incluirá 109 mil famílias, ele deixa de lado a informação de que 95% desse total vêm da soja. Ou seja, independentemente do biodiesel, essas famílias venderiam o produto de qualquer maneira. O biodiesel não criou emprego e renda extra para essas famílias, apenas direcionou-as para outro mercado.

Durante a primeira e única mudança por que passou o selo, o MDA não foi capaz de avaliar se as mudanças seriam eficientes, apesar do mercado repetidamente apontar para o insucesso das medidas. Em uníssono, membros do governo repetiam que as regras não poderiam ser alteradas constantemente, mesmo que não funcionassem. Resultado: a situação se agravou.

Agora, enquanto a cadeia produtiva pressiona por aumento da mistura, diversos problemas se alinham: insegurança com relação às entregas no último trimestre, qualidade do biodiesel, formação de borra nos tanques, dependência da soja e evolução da inclusão social comprometida. Cabe ao governo utilizar a seu favor a disposição das usinas pelo B10 para avançar no desenvolvimento sustentável do biodiesel.

Três anos
Com esta edição, a revista BiodieselBR completa três anos de circulação. Durante este período, a maior preocupação sempre foi com a qualidade e a credibilidade das informações publicadas. Apesar das dificuldades e pressões enfrentadas, orgulhamo-nos de manter a independência e ser referência, não apenas para o setor de biodiesel, mas para todo o mercado de mídia especializada do Brasil.

Julio Cesar Vedana
Diretor de Redação