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Preço do biodiesel: originação e alternativas


Edição de Out / Nov de 2010 - 15 out 2010 - 11:03 - Última atualização em: 22 dez 2011 - 16:03


A economia de uma usina de biodiesel vai muito além do portão. Quando falamos em custo de produção nos atuais modelos das grandes usinas, os processos que ocorrem no chão da empresa não são um diferencial importante durante a consolidação do setor. A diferença está em com qual matéria- prima as usinas trabalham e como ela é originada.

Para estar à frente, não basta receber um determinado óleo ou gordura. A competitividade final vai muito além disso. O domínio de toda a cadeia produtiva – da produção no campo com parcerias – incentivos e garantia de compra da produção à verticalização industrial, é determinante no preço final do biodiesel. E não falo apenas de parcerias com pequenos agricultores. Grandes produtores de grãos precisarão fazer parte do processo. Com o aumento do consumo de biodiesel ano após ano, a produção agrícola de outras oleaginosas deverá ter escala; caso contrário, não se sustenta.

As usinas ligadas ao agronegócio da soja, que são hoje os maiores fabricantes de biodiesel, não vão se aventurar na produção de óleos vegetais alternativos. Para despertar o interesse, é preciso que as novas oleaginosas de inverno ocupem as mesmas áreas utilizadas na safra de verão e que a produção possa ser feita com os mesmos produtores de soja e com a utilização dos mesmos equipamentos.

Algumas usinas iniciaram o incentivo ao plantio de canola. Nos últimos três anos, o plantio triplicou no Brasil e já supera 41 mil hectares. A Conab estima que, somente no Rio Grande do Sul, 1 milhão de hectares podem ser plantados com a cultura. É muito pouco em relação à área apta para o cultivo, mas mostra que com incentivo se produz.

Nota-se uma resistência das empresas envolvidas no agronegócio da soja no estímulo a outras culturas. Entre as empresas que estão à frente na produção de canola, não há nenhuma esmagadora tradicional de soja. BSBios, Petrobras Biocombustíveis e Biopar (PR) são empresas criadas recentemente com finalidade exclusiva de produzir biodiesel (e etanol, no caso da Petrobras). Quem está no mercado da soja sabe que incentivar outras culturas é começar um novo negócio e que o biodiesel não é o seu core business (apesar de eu acreditar que o biocombustível tenha dado mais lucro em 2009 do que todo o resto do complexo). Cabe ao governo mostrar para esses empresários que é possível lucrar.

Univaldo Vedana é analista do setor de biodiesel