O subproduto biodiesel: leilão e pesquisas
Leilão
A participação da soja tem se mantido estável dentro do mix de matérias-primas utilizadas pelas usinas. As variações ocorrem mais em função da disponibilidade e preço do sebo bovino no mercado. Mas o último leilão pode ter indicado um caminho que reforça a perspectiva futura de mais dependência da soja.
O leilão finalizado no início de setembro foi dominado pelas esmagadoras de soja, com uma ocupação industrial média inédita até então. Esta sempre foi uma situação já esperada pelo mercado, mas que não contribui para o desenvolvimento de novas oleaginosas e estimula apenas o desenvolvimento da já formada cadeia da soja.
Grandes esmagadoras têm menos interesse em fomentar novas culturas, o que é natural. Empresas que têm o biodiesel como principal negócio têm maior facilidade para incentivar e encontrar alternativas exatamente porque a soja já é dominada por empresas de grande porte. Entretanto, o modelo de negócio estabelecido pelo governo não traz incentivos efetivos para novas culturas. Com apoio federal, novas culturas poderiam ganhar escala e em menos de uma década mudar o cenário da agricultura nacional.
O biodiesel tem potencial para ser a faísca de uma nova explosão agrícola que usará os milhões de hectares subutilizados por todo o país. Mas para isso é preciso encontrar novos modelos de negociação. Uma das alternativas para atrair mais disposição das usinas seria conciliar os interesses. A principal reivindicação da cadeia produtiva hoje é o aumento da mistura de biodiesel no diesel. Um projeto de crescimento da demanda aliado ao fomento de matérias-primas alternativas, com garantia de compra para o biodiesel, pode ser o primeiro passo para o desenvolvimento de culturas capazes de competir com a soja.
Pesquisas
A falta de domínio tecnológico sobre as oleaginosas com potencial para produção de biodiesel é também apontada como um dos entraves para a diversidade. Atualmente, várias pesquisas estão em andamento no país com o objetivo de prospectar e selecionar alternativas à soja.
Um dos mais abrangentes estudos nesse campo é o projeto “Fontes alternativas potenciais de matérias-primas para produção de agroenergia”, realizado por 21 unidades da Embrapa desde o fim de 2007. Sob a coordenação do pesquisador Nilton Vilela Junqueira, este estudo analisa várias espécies da flora brasileira. As espécies “foram escolhidas por aparentarem produzir um grande volume de biomassa útil – que, neste caso, seria grande produtividade de frutos, amêndoas ou sementes por unidade de área – e por serem, aparentemente, rústicas e resistentes a pragas e doenças”, explica Junqueira.
Aos poucos, algumas dessas diversas espécies estudadas vêm demonstrando vocação para entrar na cadeia produtiva do biodiesel. Entretanto, o pesquisador salienta que a soja deve ser a matriz produtiva mais viável ainda por muito tempo. “Acreditamos que a soja ainda será utilizada nos próximos dez anos até que uma destas espécies alternativas seja socialmente, ambientalmente e economicamente melhor e entre no mercado. No entanto, precisamos de três a seis anos de pesquisa para solucionar alguns problemas”, diz Junqueira.
Já o projeto “Desenvolvimento de Sistemas de Produção de Girassol, Mamona e Pinhão-Manso no Semi-Árido com Foco na Agricultura Familiar”, em convênio com a Embrapa, institutos estaduais e universidades, procura resolver alguns gargalos já identificados dessas oleaginosas. No caso da mamona, que é uma cultura de manejo conhecido da agricultura familiar, o objetivo das pesquisas é aumentar a produtividade. Para o girassol, o foco é a adaptação ao Semi-Árido. Já com relação à macaúba e ao pinhão-manso, ainda espécies silvestres, o interesse é desenvolver variedades e sistemas de produção adaptados à agricultura familiar.
Apesar de fabricar biodiesel somente de soja, a BSBios aposta na diversificação, de olho no futuro. “É uma questão de tempo a inclusão dessas culturas na indústria de biodiesel”, diz o diretor superintendente da empresa, Erasmo Battistella. Para ele, criar uma demanda maior pelo biodiesel “vai aumentar naturalmente a utilização de outras culturas”. No entanto, esta situação não transcorreu como o esperado até o momento. Nos primeiros cinco anos do PNPB, a mistura foi gradativamente aumentando e as matérias- -primas alternativas sempre participaram timidamente.
A participação da soja tem se mantido estável dentro do mix de matérias-primas utilizadas pelas usinas. As variações ocorrem mais em função da disponibilidade e preço do sebo bovino no mercado. Mas o último leilão pode ter indicado um caminho que reforça a perspectiva futura de mais dependência da soja.
O leilão finalizado no início de setembro foi dominado pelas esmagadoras de soja, com uma ocupação industrial média inédita até então. Esta sempre foi uma situação já esperada pelo mercado, mas que não contribui para o desenvolvimento de novas oleaginosas e estimula apenas o desenvolvimento da já formada cadeia da soja.
Grandes esmagadoras têm menos interesse em fomentar novas culturas, o que é natural. Empresas que têm o biodiesel como principal negócio têm maior facilidade para incentivar e encontrar alternativas exatamente porque a soja já é dominada por empresas de grande porte. Entretanto, o modelo de negócio estabelecido pelo governo não traz incentivos efetivos para novas culturas. Com apoio federal, novas culturas poderiam ganhar escala e em menos de uma década mudar o cenário da agricultura nacional.
O biodiesel tem potencial para ser a faísca de uma nova explosão agrícola que usará os milhões de hectares subutilizados por todo o país. Mas para isso é preciso encontrar novos modelos de negociação. Uma das alternativas para atrair mais disposição das usinas seria conciliar os interesses. A principal reivindicação da cadeia produtiva hoje é o aumento da mistura de biodiesel no diesel. Um projeto de crescimento da demanda aliado ao fomento de matérias-primas alternativas, com garantia de compra para o biodiesel, pode ser o primeiro passo para o desenvolvimento de culturas capazes de competir com a soja.
Pesquisas
A falta de domínio tecnológico sobre as oleaginosas com potencial para produção de biodiesel é também apontada como um dos entraves para a diversidade. Atualmente, várias pesquisas estão em andamento no país com o objetivo de prospectar e selecionar alternativas à soja.
Um dos mais abrangentes estudos nesse campo é o projeto “Fontes alternativas potenciais de matérias-primas para produção de agroenergia”, realizado por 21 unidades da Embrapa desde o fim de 2007. Sob a coordenação do pesquisador Nilton Vilela Junqueira, este estudo analisa várias espécies da flora brasileira. As espécies “foram escolhidas por aparentarem produzir um grande volume de biomassa útil – que, neste caso, seria grande produtividade de frutos, amêndoas ou sementes por unidade de área – e por serem, aparentemente, rústicas e resistentes a pragas e doenças”, explica Junqueira.
Aos poucos, algumas dessas diversas espécies estudadas vêm demonstrando vocação para entrar na cadeia produtiva do biodiesel. Entretanto, o pesquisador salienta que a soja deve ser a matriz produtiva mais viável ainda por muito tempo. “Acreditamos que a soja ainda será utilizada nos próximos dez anos até que uma destas espécies alternativas seja socialmente, ambientalmente e economicamente melhor e entre no mercado. No entanto, precisamos de três a seis anos de pesquisa para solucionar alguns problemas”, diz Junqueira.
Já o projeto “Desenvolvimento de Sistemas de Produção de Girassol, Mamona e Pinhão-Manso no Semi-Árido com Foco na Agricultura Familiar”, em convênio com a Embrapa, institutos estaduais e universidades, procura resolver alguns gargalos já identificados dessas oleaginosas. No caso da mamona, que é uma cultura de manejo conhecido da agricultura familiar, o objetivo das pesquisas é aumentar a produtividade. Para o girassol, o foco é a adaptação ao Semi-Árido. Já com relação à macaúba e ao pinhão-manso, ainda espécies silvestres, o interesse é desenvolver variedades e sistemas de produção adaptados à agricultura familiar.
Apesar de fabricar biodiesel somente de soja, a BSBios aposta na diversificação, de olho no futuro. “É uma questão de tempo a inclusão dessas culturas na indústria de biodiesel”, diz o diretor superintendente da empresa, Erasmo Battistella. Para ele, criar uma demanda maior pelo biodiesel “vai aumentar naturalmente a utilização de outras culturas”. No entanto, esta situação não transcorreu como o esperado até o momento. Nos primeiros cinco anos do PNPB, a mistura foi gradativamente aumentando e as matérias- -primas alternativas sempre participaram timidamente.