B5 e distribuidoras: o problema nos postos
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Para ser justo, é preciso ressaltar que conseguir 100 litros de B5 é um pouco mais complicado do que juntar 5 litros de biodiesel e 95 litros de diesel no mesmo tanque. Por terem densidade e viscosidade diferentes, o diesel e o biodiesel não se misturam direito sem um pouco de esforço. A maioria das distribuidoras estoca seu diesel mineral e seu B100 em tanques diferentes e deixa para fazer a mistura apenas no caminhão-tanque, contando que os solavancos e curvas conseguirão homogeneizar a mistura. Acontece que nem sempre o caminho será longo – e esburacado – o bastante para dar conta do recado. Uma vez dentro do tanque do posto, o combustível permanecerá em repouso. Portanto, se ele não chegar lá muito bem misturado, é perfeitamente possível que se verifiquem diferenças pequenas nos teores de biodiesel em níveis diferentes. “Isso pode já ser suficiente para reprovar uma amostra”, considera Yamamoto.
É bom lembrar que o teor de biodiesel é apenas um dos problemas que têm contribuído para a piora do desempenho do diesel nos boletins do PMQC. Há outros. E, pelo jeito, o rápido aumento na proporção de biodiesel no diesel tem muito a ver com isso. “A mistura entre diesel e biodiesel tem sinergias virtuosas, como o aumento de lubricidade e a queda dos teores de enxofre. Mas também é possível que haja sinergias ruins que potencializem o aparecimento de não- -conformidades”, reconhece Juan Diego Ferrés, da Ubrabio.
Fábio Marcondes, do Sindicom, aponta para duas características do biodiesel que podem colaborar para explicar algumas dificuldades adicionais com as quais as distribuidoras e, principalmente, os postos de combustíveis andam precisando lidar. “O biodiesel é detergente e higroscópico. Por ser detergente, ele ‘limpa’ os tanques de diesel e aumenta muito a formação de borra que se acumula nos tanques e nos filtros. Por ser higroscópico, ele absorve umidade do ar e aumenta a chance de criação de fungos e bactérias”, detalha Marcondes.
O problema nos postos
Os donos de postos foram pegos no contrapé e ainda não sabem direito o que fazer para controlar a situação. Segundo o relato de Marcondes, recentemente o Sindicom foi procurado pela Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) – órgão que representa os donos de postos de serviços – para expressar sua “preocupação com as dificuldades que eles estavam enfrentando com a qualidade dos combustíveis nos postos”.
Há pouco o que fazer além de subir o patamar dos procedimentos de qualidade adotados pelos donos de posto Brasil afora. “Não adianta que o esforço para adotar boas práticas fique restrito aos fabricantes de biodiesel e às distribuidoras. Isso tem que chegar aos pontos finais de venda”, opina Ferrés. Marcondes concorda que é necessário que os operadores de postos revejam seus procedimentos operacionais. “Os revendedores vão precisar rever seus procedimentos de manutenção, trocar os elementos filtrantes de diesel mais vezes e remover a borra dos tanques de forma mais freqüente”, explica, destacando que o mercado ainda se encontra numa fase de aprendizado com o biodiesel.
Além disso, de acordo com o diretor comercial da Petrosul, Ronald Pereira da Silva, é preciso levar em consideração a atuação e os padrões de qualidade vigentes nos postos de combustíveis antes de colocar sob suspeita as distribuidoras. A Petrosul foi a distribuidora pior colocada no ranking de não-conformidade do óleo diesel: de todas as amostras atribuídas à companhia coletadas pelo PMQC entre setembro de 2009 e fevereiro de 2010, 22,7% foram reprovadas. Apesar dos números pouco favoráveis, Pereira assegura ter plena confiança na qualidade de seu produto e aponta na direção dos postos na hora de especular sobre os resultados.
“Não tenho dúvidas de que a imensa maioria dos problemas de qualidade está nos postos de bandeira branca que compram seu combustível de mais de um distribuidor. E mesmo nos postos da bandeira Petrosul, é impossível nos responsabilizarmos pelas condições de armazenamento e pelos equipamentos”, assevera o diretor, afirmando que fez um pedido formal para que a ANP informe em que postos as amostras problemáticas foram coletadas. “É possível que a gente esteja lidando com postos não muito corretos”, completa, garantindo que tomará as providências necessárias.
O diretor de marketing da Ipiranga (quarta posição do ranking de não-conformidade, com 4,9% de amostras de óleo diesel problemáticas), Ricardo Maia, opina que o setor de distribuição de combustíveis não pode se dar ao luxo de ser tolerante com a atual onda de problemas de qualidade. “Nosso setor vive da percepção de qualidade. Então, para a gente essa é uma questão seriíssima”, explica. E garante que qualquer posto flagrado desrespeitando os padrões de qualidade poderá se encrencar. “Nós vamos tomar medidas de defesa de nossa marca”, avisa.
Para ser justo, é preciso ressaltar que conseguir 100 litros de B5 é um pouco mais complicado do que juntar 5 litros de biodiesel e 95 litros de diesel no mesmo tanque. Por terem densidade e viscosidade diferentes, o diesel e o biodiesel não se misturam direito sem um pouco de esforço. A maioria das distribuidoras estoca seu diesel mineral e seu B100 em tanques diferentes e deixa para fazer a mistura apenas no caminhão-tanque, contando que os solavancos e curvas conseguirão homogeneizar a mistura. Acontece que nem sempre o caminho será longo – e esburacado – o bastante para dar conta do recado. Uma vez dentro do tanque do posto, o combustível permanecerá em repouso. Portanto, se ele não chegar lá muito bem misturado, é perfeitamente possível que se verifiquem diferenças pequenas nos teores de biodiesel em níveis diferentes. “Isso pode já ser suficiente para reprovar uma amostra”, considera Yamamoto.
É bom lembrar que o teor de biodiesel é apenas um dos problemas que têm contribuído para a piora do desempenho do diesel nos boletins do PMQC. Há outros. E, pelo jeito, o rápido aumento na proporção de biodiesel no diesel tem muito a ver com isso. “A mistura entre diesel e biodiesel tem sinergias virtuosas, como o aumento de lubricidade e a queda dos teores de enxofre. Mas também é possível que haja sinergias ruins que potencializem o aparecimento de não- -conformidades”, reconhece Juan Diego Ferrés, da Ubrabio.
Fábio Marcondes, do Sindicom, aponta para duas características do biodiesel que podem colaborar para explicar algumas dificuldades adicionais com as quais as distribuidoras e, principalmente, os postos de combustíveis andam precisando lidar. “O biodiesel é detergente e higroscópico. Por ser detergente, ele ‘limpa’ os tanques de diesel e aumenta muito a formação de borra que se acumula nos tanques e nos filtros. Por ser higroscópico, ele absorve umidade do ar e aumenta a chance de criação de fungos e bactérias”, detalha Marcondes.
O problema nos postos
Os donos de postos foram pegos no contrapé e ainda não sabem direito o que fazer para controlar a situação. Segundo o relato de Marcondes, recentemente o Sindicom foi procurado pela Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) – órgão que representa os donos de postos de serviços – para expressar sua “preocupação com as dificuldades que eles estavam enfrentando com a qualidade dos combustíveis nos postos”.
Há pouco o que fazer além de subir o patamar dos procedimentos de qualidade adotados pelos donos de posto Brasil afora. “Não adianta que o esforço para adotar boas práticas fique restrito aos fabricantes de biodiesel e às distribuidoras. Isso tem que chegar aos pontos finais de venda”, opina Ferrés. Marcondes concorda que é necessário que os operadores de postos revejam seus procedimentos operacionais. “Os revendedores vão precisar rever seus procedimentos de manutenção, trocar os elementos filtrantes de diesel mais vezes e remover a borra dos tanques de forma mais freqüente”, explica, destacando que o mercado ainda se encontra numa fase de aprendizado com o biodiesel.
Além disso, de acordo com o diretor comercial da Petrosul, Ronald Pereira da Silva, é preciso levar em consideração a atuação e os padrões de qualidade vigentes nos postos de combustíveis antes de colocar sob suspeita as distribuidoras. A Petrosul foi a distribuidora pior colocada no ranking de não-conformidade do óleo diesel: de todas as amostras atribuídas à companhia coletadas pelo PMQC entre setembro de 2009 e fevereiro de 2010, 22,7% foram reprovadas. Apesar dos números pouco favoráveis, Pereira assegura ter plena confiança na qualidade de seu produto e aponta na direção dos postos na hora de especular sobre os resultados.
“Não tenho dúvidas de que a imensa maioria dos problemas de qualidade está nos postos de bandeira branca que compram seu combustível de mais de um distribuidor. E mesmo nos postos da bandeira Petrosul, é impossível nos responsabilizarmos pelas condições de armazenamento e pelos equipamentos”, assevera o diretor, afirmando que fez um pedido formal para que a ANP informe em que postos as amostras problemáticas foram coletadas. “É possível que a gente esteja lidando com postos não muito corretos”, completa, garantindo que tomará as providências necessárias.
O diretor de marketing da Ipiranga (quarta posição do ranking de não-conformidade, com 4,9% de amostras de óleo diesel problemáticas), Ricardo Maia, opina que o setor de distribuição de combustíveis não pode se dar ao luxo de ser tolerante com a atual onda de problemas de qualidade. “Nosso setor vive da percepção de qualidade. Então, para a gente essa é uma questão seriíssima”, explica. E garante que qualquer posto flagrado desrespeitando os padrões de qualidade poderá se encrencar. “Nós vamos tomar medidas de defesa de nossa marca”, avisa.