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Algo errado com o B5?


BiodieselBR.com - 15 ago 2010 - 08:42 - Última atualização em: 20 jan 2012 - 10:11
Fábio Rodrigues, de São Paulo

O Programa Nacional do Monitoramento de Qualidade de Combustíveis (PMQC), lançado em 1998, é a lupa que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) usa para acompanhar a qualidade dos combustíveis que os brasileiros colocam no tanque. Todo santo mês, os técnicos da ANP rodam o país coletando amostras de gasolina, etanol e diesel cujas propriedades serão esmiuçadas nos laboratórios das parceiras do programa. Mensalmente, o PMQC coleta e analisa mais de 16 mil amostras de combustíveis (quase 6 mil só de diesel). Os resultados obtidos são consolidados pela ANP e publicados nos Boletins Mensais da Qualidade dos Combustíveis Líquidos Automotivos Brasileiros. E é precisamente nesse ponto que começa o novo imbróglio do setor.

Os mais recentes desses documentos têm mostrado uma piora considerável nos níveis de não-conformidade do óleo diesel. O índice estava em 2,9% em janeiro, disparou para 4,3% em fevereiro e chegou a alarmantes 5,2% em março. São valores que a ANP admite serem “atípicos”. É o mínimo que pode ser dito: afinal, é o pior resultado desde fevereiro de 2006, quando o índice cravou 5,3%. Em abril, o índice registrado pela agência foi de 3,5%.

Como se não fosse o suficiente para deixar todo mundo de cabelo em pé, os boletins também têm mostrado uma persistência irritante em problemas relacionados com a mistura entre diesel e biodiesel. Observando o histórico do programa é fácil perceber que, desde que o item “Teor de Biodiesel” entrou nos parâmetros, em março de 2009, os erros na mistura se converteram num dos maiores vilões da não-conformidade, chegando a liderar a lista de problemas em seis das 13 edições do boletim publicadas desde então. Se colocarmos os números na ponta do lápis, descobrimos que falhas no teor de biodiesel foram culpadas pela reprovação de 35,5% do total de amostras não-conformes nos últimos 13 meses.

Os números variam tanto de mês em mês que é difícil apontar uma tendência. Em novembro passado, irregularidades nos teores de biodiesel causaram a reprovação de 53,7% das amostras de diesel não- -conforme. Em janeiro (dois meses depois, portanto) esse número caiu para 17% – resultado surpreendente se considerarmos que foi justamente este o mês de estréia do B5. Desde então, os erros voltaram a aumentar e, em março, marcaram 42,4%. Esses resultados desconcertantes têm feito muita gente arriscar hipóteses a respeito do que pode estar dando errado. E, como seria de se prever, os mais alarmistas já falam num esquema de fraudes.