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Comercialização: Porcentagem e logística


BiodieselBR.com - 25 ago 2007 - 13:08 - Última atualização em: 20 jan 2012 - 11:29
Porcentagem
Além de garantir a venda para as distribuidoras que tenham capacidade de fazer a entrega, o releilão hoje é uma ferramenta importante para que as autoridades tenham condições de fiscalizar se todas as empresas de combustível estão fazendo a mistura obrigatória de diesel mineral e de biodiesel em porcentagem adequada. Desde julho, quando passou a vigorar o B4 no país, todas as empresas que estiverem vendendo diesel no país precisam ter compras de biodiesel nos releilões que equivalham a 4% de tudo o que venderam. Ou, certamente, não terão cumprido o que a lei exige.

Essa é, aliás, a principal preocupação da ANP no processo de revenda do biodiesel comprado em leilões. A agência diz que não tem entre suas atribuições cuidar dos releilões – exceto no que diz respeito aos relatórios apresentados pelas distribuidoras à agência, que permitem a fiscalização do B4 (veja mais na página 28).

As distribuidoras dizem que os releilões são, atualmente, “a melhor opção na mesa” para garantir que todos estejam de acordo com a regra. “É a maneira mais segura, que vai permitir que todos na ponta façam a mistura”, afirma Fábio Marconi, diretor de Suprimentos do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom). “Tem que ter um mecanismo que mostre com transparência que todos compraram o biodiesel e fizeram suas misturas. Pode ser que no futuro surjam melhores opções. Mas, hoje, não há”, afirma.

Logística
O maior problema que as distribuidoras brasileiras vêem hoje no sistema de “pós-venda” do combustível não tem a ver com o modelo de releilão propriamente dito e sim com a logística envolvida no processo. É que no atual modelo as usinas vendem o combustível para o governo apenas no papel. Os estoques permanecem onde sempre estiveram – no local da produção – e o comprador é que fica responsável de ir até lá para obter o material e sair distribuindo pelo país.

“Não é um problema só do biodiesel”, afirma Marconi. “Não temos dutos. Se você pegar o mapa de dutos do Canadá e o dos Estados Unidos, só para fazer uma comparação com o Brasil, vai ver que a nossa rede hoje é absolutamente insignificante. Se tivesse investimento em dutos, o processo seria muito melhor. Não só para o biodiesel, mas para outros combustíveis também”, diz.

Como não há dutos e o sistema ferroviário no país também é deficiente, o jeito é colocar caminhões para fazer o transporte do combustível. E aí surge o famoso impasse: para se transportar biodiesel, gasta-se ainda muito diesel no país. Principalmente por se tratar de um país como o nosso, de dimensões gigantescas.

“O álcool tem problema semelhante ao biodiesel, ele ‘caminha’ muito sobre rodas para chegar a certas regiões brasileiras”, diz Andrade, da Petrobras Distribuidora. “Somos um país continental. Levar combustível para todas as regiões certamente consome combustível, mas isso também ocorre com o diesel e com a gasolina”, completa.

“A região mais problemática é a região Norte”, afirma Marconi. “No Sul e Sudeste o transporte é mais fácil. No Norte, além das grandes distâncias, existe o problema da qualidade das estradas. O problema não é só nosso, mas de todos os empresários que precisam escoar seus produtos”, diz.

Além das grandes distâncias, a falta de usinas em alguns lugares do país – e de novo a Região Norte, na Amazônia, aparece como a mais problemática – também força os distribuidores a percorrer distâncias maiores do que seria desejável, elevando o consumo de diesel e, por conseqüência, encarecendo o preço final do produto para o consumidor. “Há uma grande concentração de usinas de biodiesel na região Centro-Oeste”, explica Brandão Meira, da Brasilcom. “Isso obriga a um verdadeiro passeio com o combustível, com um grande consumo de diesel”, diz.

A solução para este ponto, porém, não está propriamente na reformulação dos releilões. Mesmo que houvesse permissão para venda em mercado, sem interferência estatal, como defendem alguns empresários, o problema da concentração de usinas em determinadas áreas do país não se resolveria. O jeito é investir em mais usinas, em longo prazo.

“Com o tempo, a tendência é que novos investimentos sejam feitos nestes locais de pouca produção, trazendo redução do custo logístico”, diz Andrade, da Petrobras. Enquanto isso não ocorre, porém, as empresas de distribuição acabam dando preferência na hora da compra para as usinas que tenham maior proximidade com suas áreas de atuação. E os preços registrados nos leilões mostram que os maiores ágios são pagos justamente para as produtoras que facilitam a logística da entrega do combustível.