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Política: Agricultura familiar


BiodieselBR.com - 01 set 2007 - 12:27 - Última atualização em: 20 jan 2012 - 11:36
Agricultura familiar
“Do nosso ponto de vista, uma das questões centrais a ser debatida é a necessidade de incluir a agricultura familiar com mais força no programa”, afirma Antoninho Rovaris, secretário de Política Agrícola da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). Rovaris expôs o seu ponto de vista para o ministro Stephanes na primeira reunião e, embora não tenha recebido uma resposta, está otimista. “É um espaço importante para sermos ouvidos”, diz. E completa: “Não podemos deixar que se reproduzam agora os erros do Proálcool, quando a produção da cana-de-açúcar ficou inteiramente na mão dos grandes produtores. Não podemos deixar que os grandes produtores de soja sejam exclusivamente os fornecedores de matéria-prima para o biodiesel, e esse é um risco que corremos se não tomarmos medidas agora. Por isso levamos o assunto para a câmara”.

A participação da agricultura de baixa renda aquém da expectativa criada com o Selo Combustível Social e a lentidão nas alterações indicam que esse tema deve ocupar um bom espaço nos próximos encontros.

Importante também é a diversificação de matérias-primas, com a inclusão em maior escala de oleaginosas alternativas à soja. Tema que inclusive integra a pauta prioritária do próprio presidente da câmara (leia mais na entrevista a seguir) e também está entre as prioridades de vários integrantes do grupo.

Sérgio Beltrão, representante da União Brasileira de Biodiesel (Ubrabio), foi encarregado durante a primeira reunião de presidir o grupo de trabalho que encaminhará as sugestões de pauta para os próximos meses. Na opinião dele, o aumento de matérias-primas é realmente o desafio número um a ser enfrentado. “A diversificação no Brasil ainda é muito tímida, muito embrionária. Vamos ter de debater o problema e, juntos, encontrar soluções viáveis”, afirma.

Referência
O funcionamento de outras câmaras setoriais existentes hoje no Mapa pode servir de referência. A própria câmara da soja, desmembrada no segundo semestre do ano passado, já teve três reuniões oficiais e encaminhou propostas importantes para o governo, como a criação de um grupo de logística para discutir a possibilidade de levar o transporte ferroviário até áreas importantes de produção que hoje ainda dependem totalmente das rodovias do país.

O representante da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), João Luiz Ribas Pessa, vê na câmara especializada do algodão um bom exemplo a ser seguido pelo biodiesel. “Se a câmara funcionar como a do algodão teremos avanços importantes para comemorar”, diz. Segundo ele, os produtores têm levado não apenas reclamações aos debates sobre o algodão, mas também propostas práticas de como melhorar o desempenho da cadeia produtiva. “E o governo tem dado respostas, tem agido em cima do que é levado”, comenta.

Para Pessa, os resultados das reuniões foram tão importantes que até mesmo evitaram que a cultura do algodão passasse por problemas mais graves nos últimos anos. “Foi a discussão do tema na câmara que manteve a cultura sustentável”, afirma. Segundo ele, a experiência mostra que o importante é o governo não deixar faltar dinheiro e a iniciativa privada cuidar para que a verba seja bem usada.

Mistura
Um dos problemas que tem de ser levado em conta em breve, na opinião de Pessa, é o equilíbrio entre a capacidade de produção do país e a demanda existente atualmente. Hoje a capacidade instalada excede muito o consumo do país e há empresas, tanto estatais quanto privadas, anunciando investimentos em novas usinas Brasil afora – o que por si só não é ruim, mas pode causar, segundo ele, um “canibalismo” nos futuros leilões do combustível.

“O governo precisa evitar essa crise. Precisa evitar que haja muito mais combustível disponível do que interesse em comprálo”, diz. De acordo com o representante da OCB, uma das saídas possíveis para o problema é aumentar, em breve, a quantidade de biodiesel adicionada ao diesel mineral. “Podemos logo passar adiante, ir ao B7 ou ao B8”, opina. Isso escoaria a produção atual e daria estímulo para mais investimentos na área.

O aumento da mistura de biodiesel no combustível mineral é visto como um tema também por outros integrantes da câmara. “Acredito que está na hora de começar a discutir a transição para o B5. É um passo importante na evolução do programa”, diz Antoninho Rovaris, da Contag.

Entre os assuntos levantados como possíveis temas para as próximas reuniões estão desde a crise econômica mundial e sua influência na produção e venda de combustíveis até os programas de monitoramento e a elevação da qualidade do biodiesel brasileiro. Assuntos, na verdade, não faltam. A boa notícia é que agora eles começaram a ser discutidos com mais objetividade.