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Cinética: notas sobre biodiesel


BiodieselBR.com - 23 jun 2009 - 20:00 - Última atualização em: 19 dez 2011 - 17:52

Por Miguel Angelo Vedana

A compra da Vale

No começo do mês de junho a revista Veja publicou que a Vale vai produzir biodiesel de dendê. Essa informação os leitores da BiodieselBR já têm desde a estréia dessa coluna na revista, em agosto de 2008.

A Veja ainda diz que a Vale comprará um pedaço de uma empresa do setor e formará um consórcio para produzir o biocombustível, só que não diz o nome da empresa que será comprada. Façamos então o trabalho completo.

A Vale comprará parte de uma empresa que produz não biodiesel, e sim dendê. A gigante do minério sabe que construir uma usina é a parte fácil quando se tem dinheiro e que o problema está na produção de matéria-prima. Então nada mais lógico do que comprar uma empresa que tem o conhecimento para a produção da matéria-prima escolhida. A empresa a ser comprada tem capital canadense e já comprou cerca de 70 mil hectares no Pará, dos quais 40 mil já possuem plantação de dendê. O nome da empresa? Biopalma da Amazônia S.A.

ADM

O 14º leilão de biodiesel foi muito mais tranqüilo que o anterior. As usinas conseguiram vender biodiesel com pouco deságio e nenhuma empresa que participou do leilão ficou sem vender. Nesse cenário mais calmo, o que chamou a atenção foi o preço da ADM, bem abaixo da média das outras empresas. Enquanto a média da outras usinas foi de R$ 2,33 por litro, a da ADM foi de R$ 2,11. Se os 49,1 milhões de litros de biodiesel fossem vendidos ao preço médio, a empresa teria lucrado mais R$ 10,8 milhões de reais.

Mas a conta que a multinacional fez não foi essa. No leilão passado eles deixaram de vender 34,1 milhões de litros de biodiesel, e conseqüentemente deixaram de faturar R$ 73,3 milhões. A empresa não queria correr o risco de não vender grande parte de sua produção novamente. Imaginem se ela tentasse ter um lucro maior, como no 13º pregão, e ficasse novamente de fora? Como disse um funcionário da ADM: “Gato escaldado tem medo de água fria.”

Biodiesel Argentino

Lembram do biodiesel que veio da Argentina e estava estocado no porto de Suape? Ele está deixando o país.

Pelo menos 66,8 milhões de litros de biodiesel vieram para o Brasil trazidos pela trading Trafigura e ficaram cerca de seis meses armazenados no Brasil. No dia 3 de maio, 29,5 milhões de litros do biocombustível deixaram o Brasil com destino à Holanda e na primeira semana de junho outros 34 milhões de litros foram levados.

Com isso, a desconfiança de alguns de que esse biodiesel pudesse ser usado no mercado nacional se desfaz. Resta agora especular o tamanho do prejuízo que a empresa teve para armazenar o biodiesel por tanto tempo e para mantê-lo dentro das especificações européias.

15 junho 2009
Tags: Vale