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Perfil da Usina: BSBios


BiodieselBR - 27 jan 2009 - 15:10 - Última atualização em: 23 jan 2012 - 10:10
BSBios fomenta produção de culturas alternativas como canola e girassol para fugir da dependência da soja

Daiane Colla, de Passo Fundo

De olho no mercado de biodiesel e confiantes no programa do governo federal, empresários do Rio Grande do Sul se uniram em abril de 2005 para criar a BSBios. A idéia inicial era que a indústria fosse implantada em Canoas, por estar localizada ao lado de uma refinaria e ser um pólo de distribuição de combustível na região. Porém, a posição estratégica de Passo Fundo, como centro da maior área produtora de soja do Estado, concentrando também ferrovias, estradas, aeroporto e o oitavo maior pólo de distribuição de combustíveis, fez os investidores mudarem de opinião. Além disso, o diretor de operações da BSBios, Erasmo Carlos Battistella, lembra que os incentivos do governo municipal e o potencial da cidade para o lançamento de um programa de culturas alternativas também influenciaram na decisão.

Passados dois anos da idéia inicial, em julho de 2007, a indústria iniciou suas operações. Com o B2 ainda facultativo naquele ano, 13,4 milhões de litros de biodiesel foram produzidos. A planta, que custou R$ 40 milhões, tem capacidade de produzir 124,2 milhões de litros/ano. A BSBios deve encerrar 2008 com a produção de até 90 milhões de litros/ano. Entretanto, o projeto da empresa é ainda maior e o segundo passo foi dado em setembro deste ano, com o projeto de construção de uma unidade esmagadora. Todas as licenças ambientais para a obra já foram obtidas e agora a empresa começa a elaborar o projeto. Essa unidade servirá para abastecer a indústria com matérias- primas provenientes das culturas fomentadas pela BSBios – canola e girassol – e pela cultura mais abundante no país, a soja. Novos investimentos em tecnologia ampliarão para 133 milhões de litros/ano a capacidade instalada. “A autorização já foi solicitada à ANP”, diz o diretor.

Battistella disse que os reflexos da crise ainda não foram sentidos de forma mais direta pela empresa, mas o fato é que a BSBios precisou adiar os planos de investir no Paraná, que já haviam sido anunciados. Mesmo tendo confiança de que o mercado de biodiesel não será tão sensível a essa crise, os investidores pedem cautela. “No momento vamos consolidar o projeto em Passo Fundo, mas observando as oportunidades de negócios que estão sempre batendo à nossa porta”, garante.

Matéria-prima

Atualmente, 100% da matériaprima utilizada na indústria é oriunda da soja. “Ela é a principal matéria-prima do biodiesel no Brasil, que atualmente dá suporte ao Programa Nacional de Produção de Biodiesel”, lembra Battistella. Para fugir da dependência de uma só cultura, a BSBios lançou ainda em 2007 dois programas de fomento, um para a cultura da canola e outro para o girassol. Junto com parceiros como a Embrapa Trigo, a Emater e a Associação Brasileira de Produtores de Biodiesel (Ubrabio), a indústria lutou e conseguiu junto ao governo federal a antecipação do zoneamento agrícola da canola, obtido em maio desse ano. Com ele, os produtores interessados no cultivo têm o suporte do financiamento e do seguro agrícola para a atividade.

Com o programa de fomento, no ano passado, 3,5 mil hectares de canola foram cultivados no Estado para a produção de biodiesel. Neste ano, foram sete mil hectares. Com o zoneamento, estima-se que em 2009 o fomento da indústria alcance mais de 15 mil hectares de canola. Recentemente, a empresa adquiriu duas máquinas de corte e enleiramento da canola, indispensáveis para reduzir as perdas no momento da colheita. “Queremos que haja diversificação o mais rápido possível. São culturas que estão disponíveis e que têm tecnologia, o que permite que o produtor plante sem transtornos ou prejuízos”, enfatiza o diretor de operações.

O departamento de fomento está focado em diminuir os problemas da cultura e aumentar a produtividade. A aposta na oleaginosa é grande e o objetivo da BSBios é ocupar parte dos 1,5 milhão de hectares ociosos no Estado durante o inverno. “Temos certeza que o futuro do biodiesel passa por não depender de uma única matéria-prima, que no caso é a soja”, complementa. Com 36% de teor de óleo, há possibilidade de produzir óleo de canola suficiente para abastecer a usina durante um ano inteiro, isso com pelo menos metade da área destinada à soja.

O incentivo ao cultivo do girassol – que tem zoneamento agrícola definido e com disponibilidade de crédito – foi feito por ser uma cultura de verão, com a possibilidade de auxiliar também na rotação de culturas. Neste primeiro ano de fomento para o plantio da cultura, a BSBios atingiu sete mil hectares no Estado.

Para 2009, a empresa pretende utilizar pela primeira vez a canola e o girassol na produção de biodiesel. A intenção, segundo Battistella, é fazer uma mistura entre os óleos de canola e girassol com o de soja.