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Biodiesel brasileiro ainda não é exportado - os subsídios


BiodieselBR - 06 nov 2007 - 15:37 - Última atualização em: 23 jan 2012 - 11:18

Claro que as atuais cotações não são bom argumento na hora de conquistar mercados, como o norte-americano. Mas, de uma forma ou de outra, elas significavam pouco quando comparadas ao mercado potencial que está sendo consolidado na União Européia (UE). “Os europeus estabeleceram como meta fazer as fontes renováveis responderem por 20% de sua matriz energética até 2020. Só em termos de biodiesel, isso significaria 25 bilhões de litros ao ano”, calcula Gazzoni.

Estão em jogo oceanos de biocombustível e montanhas de dinheiro. Não é de surpreender, portanto, que os países ricos estejam fazendo todo o possível para manter sua posição de vantagem. “O que os europeus têm feito é importar óleo vegetal bruto e produzir o biodiesel eles mesmos. Historicamente isso não é novidade, os países ricos quase sempre adotaram essa estratégia em relação aos países em desenvolvimento”, diz Gazzoni.

Embora percamos com isso, não podemos reclamar se os europeus preferem comprar matériaprima ao produto acabado. Esse é um movimento perfeitamente dentro das regras do comércio internacional. O que mais incomoda os produtores brasileiros são as escancaradas medidas protecionistas adotadas pelos países ricos. “Essa é a nossa principal dificuldade comercial nesse momento”, diz Battistella, atribuindo a ela o fato da BSBios – uma das quatro produtoras brasileiras autorizada pela ANP a exportar – ainda não ter conseguido seu lugar ao sol.

Para ilustrar o quanto as distorções produzidas pelos subsídios podem ser sérias, Battistella lembra da polêmica em torno das exportações de B99. “Graças aos subsídios oferecidos por Washington, os norte-americanos conseguiam comprar o B100 em Roterdã, adicionar 1% de diesel comum e reexportar o produto para a Europa a preços mais baixos”, relata. A pouco ortodoxa prática deixou as autoridades comerciais da UE às turras com seus colegas norte-americanos pelos corredores da Organização Mundial do Comércio.

O grau de paralisia da famosa rodada de Doha – lá se vão sete anos sem se chegar a um acordo – parece confirmar a mensagem de que europeus e norte-americanos só dão vivas ao livre comércio em causa própria. Na verdade, é por trás dessa relutância toda que surge o mais sólido indício de que o Brasil e outros países em desenvolvimento estão melhor equipados para dominar este mercado. “O Brasil tem condições naturais, industriais e um povo que sabe fazer. Então, sim, podemos ser o maior produtor de biocombustíveis do planeta”, diz Battistella com toda a segurança.

Opinião semelhante é defendia por Gazzoni. “Uma das melhores áreas para o plantio do dendê disponíveis em todo o mundo está no Estado do Pará. Estamos falando de algo entre 10 e 30 milhões de hectares já desmatados nos quais seria possível plantar sem ter que derrubar uma única árvore. Se todo esse espaço fosse cultivado, o Brasil poderia produzir perto de dendê produz nada menos que oito vezes mais óleo.

Para Battistella, a briga é mais política do que comercial. “O governo brasileiro tem apoiado o setor produtivo no que pode dentro dos limites do mercado interno. Brasília sabe que precisa se posicionar contra os subsídios, mas como essa é uma questão internacional as negociações são difíceis e levam tempo”, resignase o executivo, que não esconde sua expectativa de ver o biodiesel chegar ao mesmo patamar no qual o seu primo rico, o etanol, está. “Não tenho dúvidas de que vamos seguir o mesmo caminho”, anima-se.