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Biodiesel de algas: A salvação da lavoura?


BiodieselBR - 05 nov 2007 - 15:27 - Última atualização em: 23 jan 2012 - 11:20

Salvação da lavoura?

As microalgas podem contribuir – e bastante – para reduzir a temperatura dos discursos que vem tentando debitar o problema da alta dos alimentos na conta dos biocombustíveis. Em primeiro lugar, não custa nada lembrar das já longínquas aulas de biologia e perceber que as algas são plantas aquáticas bastante versáteis que podem ser facilmente cultivadas em águas impróprias para o consumo humano ou para o plantio – fontes salobras, salgadas ou mesmo contaminadas por esgoto são opções perfeitamente válidas. Dessa forma, o biodiesel deixa de competir pelas sempre escassas e valorizadas terras férteis e água doce. Na verdade, boa parte das pesquisas enfatiza a possibilidade de uso de áreas desérticas para a instalação dos tanques de criação de algas.

“Temos visto um bocado de polêmica no que diz respeito aos biocombustíveis desviarem recursos agrícolas que estariam mais bem alocados produzindo alimentos. Como abrir novas áreas de cultivo tem efeitos ambientais devastadores, isso sem falar nas emissões de gases do efeito estufa, então a indústria do biodiesel precisa encontrar alternativas para ampliar sua produção. As microalgas estão entre as mais promissoras nesse sentido”, explica Chris Guay, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Community Fuels, empresa norte-americana que vem apostando suas fichas no biodiesel de algas.

Não é tão simples quanto parece – quase nada é. A produtividade das microalgas é diretamente proporcional a alguns fatores, o mais relevante dos quais é a quantidade de alimento disponível para esses microorganismos. Via de regra, isso significa que os tanques de criação devem estar perto de uma fonte industrial de CO2. “Garantir a disponibilidade de gás carbônico é um dos fatores críticos para a produção de microalgas em larga escala. Uma possibilidade é associar os criadouros às termoelétricas, pois assim a produção do biodiesel ajudaria a minimizar as emissões de gás do efeito estufa”, comenta o professor Carioca, apontando que alguns estudos na área vêm obtendo “resultados promissores” ao substituir o CO2 por dejetos de esgoto.

Ainda de acordo com Guay o simples fato das microalgas não fazerem parte do grupo das commodities pode ser uma vantagem nada desprezível para a indústria do biodiesel. Em tempos de inflação galopante é sempre útil poder contar com uma fonte de óleo virtualmente imune aos focos de pressão inflacionária. “As cotações dos óleos vegetais comoditizados atualmente utilizados como matéria- prima têm tido um impacto bastante significativo na lucratividade das empresas do setor de biodiesel”, completa o executivo.