Lucro líquido da ADM caiu 60% no 4º tri
Em meio aos reflexos da guerra comercial sobre as exportações de soja dos EUA e à baixa rentabilidade do negócio de adoçantes, a gigante americana Archer Daniels Midland (ADM) viu seu lucro líquido desabar no quarto trimestre. A empresa é uma das maiores tradings agrícolas do mundo e tem ampla atuação no mercado brasileiro de grãos.
Com ações listadas na bolsa de Nova York, a ADM reportou hoje um lucro líquido de US$ 315 milhões no quarto trimestre de 2018, queda de 60% na comparação com os US$ 788 milhões reportados no mesmo período do ano anterior. Nessa mesma base de comparação, a receita com vendas da companhia ficou praticamente estável (- 0,7%), em US$ 15,9 bilhões.
O desempenho da ADM no trimestre ficou abaixo do esperado. Analistas consultados pelo jornal “The Wall Street Journal” estimavam que a empresa reportaria um lucro por ação ajustado de US$ 0,93. O lucro reportado foi de US$ 0,88, 5,3% aquém do valor esperado.
Os negócios de originação (basicamente, a área de trading) registraram uma queda de 30% do lucro operacional no quarto trimestre, passando de US$ 261 milhões para R$ 183 milhões na comparação anual.
A receita com vendas na área de originação caiu 8,3%, para US$ 6,4 bilhões.
O negócio de “soluções de carboidrato”, que inclui os adoçantes, teve um lucro de US$ 197 milhões, queda de 31%. A receita dessa área totalizou US$ 2,5 bilhões, queda de 10,1%.
No acumulado de 2018, no entanto, a ADM teve resultados melhores. No período, o lucro líquido da companhia totalizou US$ 1,8 bilhão, crescimento de 13,5% na comparação com o total de US$ 1,6 bilhão registrado em 2017. No ano passado, as vendas da ADM renderam US$ 64,3 bilhões, aumento de 5,7% ante os US$ 60,8 bilhões reportados no ano anterior.
O resultado da ADM no ano foi impulsionado rentabilidade do processamento de soja. No ano passado, o lucro operacional da área de oleaginosas (que inclui o processamento) alcançou US$ 1,4 bilhão, aumento de quase 80% ante os US$ 852 milhões reportados pela ADM em 2017.
Também na área de originação o desempenho anual foi positivo. Em 2018, a ADM teve um lucro operacional de US$ 546 milhões em originação, avanço de 35% na comparação com os R$ 404 milhões no ano anterior.
Com isso, as áreas de originação e oleaginosas ajudaram a compensar o menor lucro da área de adoçantes. No período, a área de “soluções de carboidrato” registrou um lucro operacional de US$ 945 milhões, queda de 12% ante o total de US$ 1 bilhão de 2017.
Luiz Henrique Mendes – Valor Econômico
