Diretores demitidos da PBio eram investigados por vantagens indevidas
A direção da Petrobras demitiu na última terça-feira todos os três diretores da subsidiária de Biocombustíveis, a PBio, no mesmo dia em que a empresa foi alvo de uma operação do Ministério Público e da Receita Estadual de Minas Gerais que apura fraudes fiscais calculadas em R$ 500 milhões. Mas a razão da demissão, de acordo com fontes da companhia, não foi a fraude, e sim uma outra apuração interna que apura o recebimento de vantagens indevidas por parte da cúpula da subsidiária de biocombustíveis.
Entre as vantagens que teriam sido recebidas pelos executivos estariam empregos para parentes nas fornecedoras privadas da Pbio, que produz biodiesel a partir de sebo animal. Foram demitidos o presidente da companhia, Danilo de Siqueira Campos, o diretor de biodiesel, Denilson Ferreira e o diretor administrativo e financeiro, Alexandre Dutra Gomes.
Na divisão de poder feita no governo Lula sobre a Petrobras, a PBio era controlada por indicados do PT de Minas Gerais, ligados mais especificamente à tesoureira nacional do partido, Gleide Andrade. Segundo uma nota divulgada pela companhia, a nova diretoria será formada por funcionários de carreira.
Durante o governo Jair Bolsonaro, a PBio foi colocada na lista de ativos a serem vendidos pela Petrobras, mas a decisão foi revertida após a eleição de Lula. A subsidiária acumula três anos de prejuízos – R$ 241,8 milhões em 2021, R$ 196,3 milhões em 2022 e $ 91 milhões em 2023.
Pelo menos por enquanto, os diretores da PBio não são investigados por participação direta na fraude apurada em Minas Gerais. Naquele caso, são funcionários e gerentes das subsidiárias os suspeitos de integrar a quadrilha que forjava notas fiscais falsas por meio de empresas de fachada.
De acordo com as investigações, a fornecedora de sebo animal GTBios, uma das maiores do mercado, utilizava essas empresas de fachada para emitir notas de compra e venda do biocombustível para gerar créditos fiscais de ICMS que depois eram descontados dos impostos a serem pagos tanto pela GTBios como pela Petrobras Biocombustíveis. As empresas usadas na fraude não tinham nem sequer sede física.
A PBio chegou a ser multada em R$ 544 milhões de reais por conta dessa fraude em 2023. O que a operação realizada na semana passada busca agora são provas que permitam identificar a extensão da fraude na subsidiária da Petrobras.
Procurada, a petroleira não comentou sobre a causa da demissão dos diretores. Enviou apenas uma nota em que afirma que a saída dos executivos não tem relação com a operação da semana passada. "A troca de diretores da PBio já estava em andamento e foi aprovada após cumprimento de todas as análises de requisito das áreas de RH e Conformidade da Petrobras". Os executivos citados foram procurados mas não responderam às mensagens da equipe da coluna. O espaço segue aberto para manifestação.
Malu Gaspar – O Globo