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Caramuru completa 50 anos preparando novo salto


Valor Econômico - 12 mar 2014 - 09:31 - Última atualização em: 29 nov -1 - 20:53
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Não foi o primeiro bimestre que a Caramuru Alimentos esperava para animar as comemorações de seu cinquentenário. Mas, após acelerar as exportações mesmo com os problemas logísticos que enfrentou, a empresa, uma das maiores processadoras de grãos de capital nacional, pretende soprar suas velas hoje e se concentrar nos projetos de expansão que prometem turbinar seu faturamento nos próximos anos.

Como já informou o Valor, o principal projeto em curso contempla a instalação de uma unidade de esmagamento de soja em Ipameri, Goiás, onde a companhia já conta com uma planta de biodiesel. Além disso, a Caramuru modernizou a fábrica de processamento da oleaginosa que arrendou em 2012 em Sorriso, Mato Grosso, por dez anos.

Juntos, os dois projetos absorvem investimentos de R$ 80 milhões, em parte financiados com recursos do BNDES e de operações de pré-pagamento de exportação, ampliarão em 61% sua capacidade de processamento de soja, que chegará a quase 2 milhões de toneladas por ano. Nessa frente, a companhia tem outras duas unidades, em Goiás - em Itumbiara, onde está sua sede, e em São Simão.

São os primeiros aportes em esmagamento depois de sete anos. Nos últimos cinco, a empresa investiu pouco mais de R$ 370 milhões, sobretudo em logística, biodiesel, melhorias de processos e produção de proteína concentrada de soja.

Além de garantir o incremento das exportações, a expansão fomentará os negócios no varejo doméstico. Segundo César Borges de Sousa, vice-presidente da Caramuru, a expectativa é que a receita dos produtos vendido com a marca Sinhá alcance R$ 800 milhões em dois anos. Em 2013, foram R$ 400 milhões, de um faturamento total de R$ 3,3 bilhões - 10% maior que o de 2012.

Como a empresa como um todo sentirá os reflexos dos novos investimentos, afirma Sousa, a participação dos produtos Sinhá no faturamento total não sofrerá alterações expressivas. Significa dizer que, em dois anos, a receita consolidada da Caramuru poderá chegar ao patamar de R$ 6 bilhões.

A companhia está em vias, portanto, de realizar mais um salto. Fundada em 1964 em Maringá, no Paraná, por Múcio de Souza Rezende, pai de César, a Caramuru nasceu focada na industrialização de milho, segmento que não atraía grande interesse de grupos multinacionais e no qual se destacou.

Em 1973, transferiu sua matriz para Apucarana, também no Paraná, e em 1975 abriu uma unidade na goiana Itumbiara, onde dois anos depois inaugurou uma fábrica de óleo bruto de gérmen de milho e farelo peletizado. Era o primeiro salto, marcado pelo lançamento da marca Sinhá, em 1979.

Em 1986, foram abertas fábricas de pré-cozidos de milho, óleo degomado e farelo de soja em Itumbiara, e em 1988, ano em que o fundador da empresa faleceu, foi instalada uma unidade de produção de floculados de milho em Apucarana. Outro salto estava em curso, concluído com a inauguração de um novo complexo de produção em Itumbiara, em 1992, e com a abertura da fábrica de processamento de soja de São Simão, em 1995.

Paralelamente, como acontece até hoje, a Caramuru mantinha investimentos recorrentes em logísticas, que ganharam maior visibilidade a partir do fim dos anos 1990, com o terminal hidroferroviário de Pederneiras, São Paulo. A companhia fortalecia, assim, o escoamento das exportações para o porto de Santos pela hidrovia Tietê-Paraná.

Considerado uma vantagem competitiva da empresa, o uso da hidrovia neste ano rendeu dores de cabeça, já que a estiagem reduziu sua capacidade de operação e a obrigou a usar mais o modal rodoviário, com custo maior e sujeito às tradicionais filas no acesso ao porto de Santos, com as quais inclusive colaborou.

Mesmo assim, o volume exportado pela Caramuru no primeiro bimestre aumentou 23% em relação ao mesmo período do ano passado, para 165,6 mil toneladas - basicamente de soja em grão e farelo de soja.

Em 2006, a Caramuru iniciou a produção de biodiesel à base de soja, ampliada em 2010. Inicialmente rentável, o segmento ficou menos atraente nos últimos anos, em parte por conta da manutenção da mistura obrigatória no diesel em 5% - a indústria pede pelo menos 7% - e da grande capacidade ociosa existente no país por causa da restrição à demanda.

Em 2013, a empresa originou 2,5 milhões de toneladas de soja e milho, além de 40 mil toneladas de girassol, e produziu 235 mil toneladas de biodiesel. A companhia também tem planos para investir R$ 30 milhões em um projeto de geração de energia solar, no âmbito do Plano de Ação Conjunta Inova Energia.

Fernando Lopes – Valor Econômico