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Glicerina

[BiodieselBR 2013] O mercado de glicerina


BiodieselBR.com - 01 out 2013 - 13:33 - Última atualização em: 02 out 2013 - 09:11

Há cerca de 7 anos, Carla Vilas Boas Romero decidiu a usar sua experiência de duas décadas no mercado de importação e exportação de produtos químicos em causa própria e fundou a Lumina Trading. À frente da empresa, ela foi uma das responsáveis pela estruturação do mercado brasileiro de glicerina de biodiesel e vai trazer um pouco dessa história ao público da Conferência BiodieselBR 2013 durante a palestra “O mercado de glicerina para as usinas de biodiesel” que será apresentada no próximo dia 23.

Ela contou à BiodieselBR.com que sua entrada no mercado de glicerina aconteceu de forma quase incidental por volta de 2006 quando um de seus clientes perguntou sobre a disponibilidade do produto no Brasil. “Eles estava trabalhando com o maior produtor de epicloridrina da China e, durante um evento do setor, me perguntaram se eu poderia fazer sourcing de glicerina”, conta. 

Nessa época a indústria brasileira de biodiesel ainda estava engatinhando – embora o PNPB já tivesse sido lançado em 2004, a mistura obrigatória ainda levaria mais dois anos para ser implantada. Mesmo assim, ela diz que já havia um bocado de interesse sobre o principal coproduto do biodiesel. “Tinha muitas empresas iniciantes que estava percebendo uma oportunidade nesse negócio, especialmente exportando para a China”, diz.

Várias dessas empresas iniciantes não tiveram a força necessária para se fixarem no mercado e aos poucos os volumes que elas negociavam acabaram indo parar nas mãos de empresas melhor estruturadas. Recentemente o mercado tomou um susto quando a Gavilon – que era a maior trader de glicerina em nível mundial – anunciou sua saída do mercado. O fato aconteceu depois de ter sido comprada por um grupo industrial japonês que não tinha interesse em manter o negócio. Mas a essa altura, o segmento já era robusto o suficiente para absorver todo o volume que era negociado pela Gavilon sem que isso provocasse uma turbulência maior.

De lá para cá o mercado evoluiu e também oscilou bastante. Embora, inicialmente os preços do produto fossem atrativos, o aumento repentino de oferta em 2008 fez as cotações despencarem e passarem alguns anos oscilando de forma violenta. O mercado só foi se estabilizar a partir de 2010. “Ainda temos variações de até 30% o que ainda é bastante, mas pelo menos as mudanças não têm mais acontecido de um mês para o outro. As altas e baixas têm acontecido mais lentamente”, avisa.

Qualidade 
Outra coisa que mudou radicalmente foi a exigência dos compradores em relação à qualidade do produto. Se antes os clientes se limitavam a pedir 80% de glicerol, agora eles passaram a exigir um controle bem mais rigoroso na pureza do produto que está adquirindo.

O problema é que nem todos os fabricantes de biodiesel estão prontos para essa nova realidade de mercado. “Os grandes produtores têm essa preocupação até porque as margens do biodiesel hoje estão bem mais apertadas. A glicerina deixou de ser um produto menos importante para eles e passou a ser fundamental para fechar as contas”, avalia. Destaca também que vários deles estão investindo em instalações de refino para colocar no mercado um produto de “grau técnico” – com mais de 98% de glicerol. 

Contudo, essa consciência ainda não chegou aos produtores com menor escala. “Existem muitas empresas com uma glicerina de qualidade muito inferior e não querem investir no processo ou porque não vale a pena financeiramente ou porque não conhecem suficientemente o mercado”, complementa acrescentando que existe um mercado informal por onde essa glicerina acaba circulando.

Apesar dos desafios, Carla aponta que o mercado é promissor especialmente porque há muito investimento na criação de novas aplicações para a glicerina. Além disso, existem outros grandes mercados, como a Índia e os países do leste europeu que ainda não foram devidamente desenvolvidos. “Se a gente fosse para o B7 no curto prazo, conseguiríamos colocar esse volume extra de glicerina no mercado tranquilamente”, garante. 

A palestrante garante que sua apresentação vai levar muitos números sobre o mercado brasileiro e latino-americano de forma a auxiliar os fabricantes a terem uma visão mais clara sobre as oportunidades e desafios envolvidos nesse negócio. “Percebemos que vários fabricantes têm demonstrado interesse, mas ainda têm muitas dúvidas sobre se vale a pena investir ou não em glicerina”, conclui.

Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com