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Setor privado defende entrada de biodiesel em leilão de energia


Estadão - 29 set 2025 - 13:57

Em tempos de transição energética urgente, a mudança de planos por parte do governo federal no leilão de mais potência elétrica, que deve ocorrer em 2026, colocou o biodiesel na berlinda. Depois de inserir o combustível no certame para movimentar usinas, a decisão foi em um rumo totalmente oposto: voltou-se à aceitação do carvão, combustível poluente, e o biodiesel saiu de cena.

Com isso, os produtores do setor travaram investimentos e, por meio de consulta pública, tentam derrubar as teses apresentadas pelos que defendem a manutenção do carvão como opção para mover motores das térmicas, por exemplo.

“Estive na Finlândia conhecendo as operações dos motores navais com biodiesel. Elas mostram que o combustível é eficiente, pronto para uso e capaz de operar em condições extremas. Além disso, sistemas integrados permitem gerar energia para armazenamento em baterias quando a eletricidade externa é mais cara, demonstrando o potencial de integração entre biocombustíveis e armazenamento”, disse Manuel Viveiros, líder de Vendas da Binatural, empresa focada na produção de biodiesel.

Uma das críticas que o setor teve de rebater na consulta pública do leilão diz respeito à operação de motores pesados, como é o caso das térmicas, com biocombustível. “Mas lá (na Escandinávia) eles usam motores semelhantes em navios que fazem travessias oceânicas.” O setor está confiante de que o biodiesel, matéria-prima considerada renovável por ser derivada de biomassa, será aceito pelo governo na reta final do certame.

O Brasil, segundo o executivo, enfrenta um momento estratégico em sua matriz elétrica, composta por 90% de fontes renováveis, mas ainda dependente de 10% de termelétricas movidas a combustíveis fósseis. No início deste ano, a portaria que excluía o uso de fósseis em termelétricas do leilão de reserva de capacidade e incluía renováveis, biocombustíveis e biodiesel foi considerada um grande avanço pelos especialistas do setor.

“Mas, depois, fomos surpreendidos pelas mudanças recentes na portaria, que adicionaram dez anos de carvão e excluíram o biodiesel.” Atualmente, o Brasil tem mais de 60 usinas de biodiesel, com capacidade de 15 bilhões de litros por ano e cerca de 40% de capacidade ociosa.

Eduardo Geraque – Estadão