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Leilões de biodiesel

O mercado fala sobre o novo modelo de leilões


BiodieselBR.com - 15 mai 2012 - 16:26

Na sexta-feira passada (11 de maio) o Ministério de Minas e Energia (MME) divulgou uma portaria estabelecendo um novo modelo de comercialização de biodiesel.  

Para saber o que o mercado achou das regras que passam a valer já a partir do 26º Leilão de Biodiesel, BiodieselBR procurou diversos empresários e executivos do segmento e descobriu que – a despeito de seus melhores esforços para descrever as minúcias do novo sistema – o mercado ainda se sente pouco à vontade para falar da novidade. 

Mais de um usineiro respondeu à reportagem que ainda não tinha opinião formada sobre o assunto ou estava fazendo reuniões para tentar entender mais a fundo as implicações das mudanças. 

Procurada, a distribuidora Raízen não manifestou opinião. Entre os que já haviam avaliado o novo sistema, o tom geral é de otimismo. Veja as declarações abaixo.

Ricardo Gullo Chernicharo, supervisor de trading da Alesat
Achei as mudanças positivas para a distribuição porque vou poder comprar das usinas o que eu preciso e não vou estar mais preso a cotas regionais, nem as usinas que não me atendem bem em termos de logística e carregamento. Isso é positivo. Quanto ao comportamento do leilão, vai depender muito de como os produtores de biodiesel vão definir seus preços durante a primeira rodada, mas, no que diz respeito às distribuidoras, as usinas que forem consideradas premium deverão ser mais disputadas.

Ailton Braga Domingues, diretor-presidente da Bioverde
As mudanças foram ótimas, salutares e esperadas por quem acredita que o biodiesel precisa avançar, apenas gostaria que tivesse ficado mais claro qual será a participação financeira da Petrobras. Sempre defendi a ideia de pagar à Petrobras pelo serviço prestado [no releilão], desde que estabelecidos os parâmetros com antecedência. 

Fábio Magdaleno, diretor financeiro da Camera
Nós enxergamos as mudanças de forma positiva porque, com elas, os diferenciais de cada usina passam a realmente serem percebidos e precificados pelo mercado. No modelo antigo, todo mundo terminava nivelado pela média e não se sobressaiam as empresas que estavam realmente investindo em qualidade e atendimento. Agora você passa a poder diferenciar quem é quem no mercado e os melhores conseguem remunerar seus investimentos.

João Artur Manjabosco, gerente comercial da Camera 
A gente entende que esse novo modelo caminha em direção ao novo marco regulatório no sentido de aparar as arestas para conseguirmos aumentar a mistura obrigatória. Acho que o modelo é bem claro e até simples na sua essência, mas ainda temos algum período de treinamento pela frente.

Carlos Omar Polastri, diretor-executivo Cesbra
Para Cesbra, as mudanças foram extremamente positivas porque nossa logística e qualidade nos dão uma boa competitividade. Embora, de um modo geral, não tenha achado o novo modelo complicado, é muito prematuro afirmar que não existirão dúvidas quando o edital for publicado. Quanto ao leilão 26, não acho que haverá problema, pois o fato de a documentação ser avaliada na primeira fase já elimina grande parte dos problemas que costumam acontecer.

Francisco Flores, gerente administrativo da Fiagril
A mudança é muito importante porque dá ao cliente o direito de escolher de onde comprar seu produto. Com certeza, ele irá passar a analisar melhor variáveis como qualidade, entregas e capacidade de carregamento. Vamos ficar sabendo de mais detalhes quando sair o edital do próximo leilão, e espero que ocorra dentro da normalidade. Acho que o novo formato até reduz a chance de que as pessoas façam ofertas por impulso sem calcular direito seus custos, pois os fornecedores poderão fazer apenas três ofertas em duas rodadas. Isso quer dizer que os preços só poderão ser baixados uma vez. 
 
Sérgio Di Bonaventura, vice-presidente Araguassu
Particularmente, eu acredito que, mais uma vez, os órgãos competentes estão complicando a sistemática de comercialização do biodiesel e que as contínuas mudanças nas regras dão insegurança ao empresariado. Em uma primeira analise, dá a impressão de que houve um avanço, porém, criaram-se situações imponderáveis como a subjetividade no julgamento das distribuidoras com relação à qualidade e logística das usinas e, em um cenário de grande oscilação de preços das matérias-primas, a introdução de mais variáveis potencializa a instabilidade do programa.

John Kaweske, diretor-presidente da Bio Petro
A mudança é necessária para a evolução do mercado porque o mercado livre devidamente regulado é a única forma de assegurar uma competição justa e eficiente para todos. Ainda acho que está pouco claro quanto a Petrobras cobrará por seu papel nesse novo modelo. Nos leilões anteriores, ela [a Petrobras] estava lucrando mais no papel de corretora do que as próprias usinas de biodiesel. Um corretor tipicamente cobra entre 0,5% e 1% do valor da venda e não 10% como a Petrobras vinha fazendo. Acho que o mais importante para os produtores é que o novo modelo remova esse lucro sem a prestação de serviços correspondentes. Outra coisa que ainda precisa ser vista é se o novo modelo de leilões semiabertos conseguirá controlar práticas desleais que aconteceram nos leilões passados.

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Fábio Rodrigues - BiodieselBR.com
Imagem: Folha de S. Paulo

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