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Distribuição

Presidente da Bioverde critica distribuidoras e leilões de biodiesel


BiodieselBR.com - 07 fev 2012 - 14:39 - Última atualização em: 27 fev 2012 - 00:22

Há uns poucos dias, o Sindicom e a Fecombustíveis reafirmaram que não veem com bons olhos um novo aumento da mistura obrigatória. Pelo menos por enquanto.

Na base da argumentação das duas entidades, com o S50 recém-introduzido na matriz energética brasileira e o S10 vindo por aí, o timing para um aumento no teor de biodiesel não é bom. Os presidentes de ambas as associações ressaltaram que, além desse ser um fator a mais de stress num sistema de distribuição de combustíveis que já anda sob tensão, o setor não tinha certeza de como se comportaria a mistura entre biodiesel e o óleo diesel com baixo teor de enxofre (diesel BTE). Os executivos sinalizavam que o setor poderia passar por uma onda de problemas de qualidade semelhante ou pior do que a vivida nos meses seguintes à introdução do B5.

O argumento acendeu os brios do diretor presidente da Bioverde, Ailton Braga Domingues, que por meio do fórum do portal BiodieselBR disparou contra o que caracterizou com um “faz de conta” que dominaria o setor.

Segundo ele a falta de planejamento adequado para a introdução do diesel BTE não pode servir como desculpa para paralisar o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB). “Tudo isso [a introdução do S50 e do S10] já está decidido há muito tempo. Então, por que os envolvidos não fizeram os testes necessários de compatibilidade com o biodiesel?”, questionou Ailton em entrevista à essa reportagem. “O setor faz de conta que o S50 é novidade e que não tiveram tempo para testá-lo com o biodiesel”, indigna-se.

Ailton aponta o que considera uma incongruência na forma como as entidades representativas da distribuição e do varejo têm se comportado em relação ao BTE. Enquanto o setor se moveu com a antecedência necessária para poder oferecer o Arla 32 – uma solução de uréia usada por veículos abastecidos com diesel BTE para reduzir as emissões de NOx – em sincronia com a oferta de S50. “As distribuidoras e postos se prepararam para isso. Essa não foi uma decisão que eles tomaram às vésperas do S50 entrar no mercado. Ninguém se preocupou em testar a compatibilidade com o biodiesel e agora eles usam isso como argumento contra a mistura”, protesta.

Leilões
A indignação de Ailton não se restringe às distribuidoras e postos. Segundo ele, o atual sistema de comercialização do biodiesel via leilões públicos promovidos pela ANP ajuda a reforçar essa mentalidade de faz de conta ao varrer para baixo do tapete uma série de problemas do setor produtivo.

Ele lembra que o diretor de energias renováveis do Ministério de Minas e Energia, Ricardo Dornelles, durante sua participação na Conferência BiodieselBR do ano passado, reconheceu que as distribuidoras estavam se recusando a comprar biodiesel fabricado por determinadas usinas ao mesmo tempo em que topavam pagar ágios consideráveis pela produção de outras. Na interpretação de Ailton, essa é uma admissão tácita de que nem todos os fabricantes têm produzido com qualidade.

“O Ministério de Minas e Energia mesmo admite que temos dois tipos de biodiesel: um que as distribuidoras compram com ágio e outros que elas não querem. Mas fazemos de conta que isso não está acontecendo e que todo o biodiesel é igual. Temos um sistema paternalista que protege os incompetentes”, reclama. “A gente vive num país difícil e num setor que faz de conta tudo, é uma somatória que impede que o mercado se ajuste”, arremata.

Fábio Rodrigues - BiodieselBR.com