PUBLICIDADE
CREMER2024 CREMER2024
Motores

Mercedes-Benz espera recuperação do mercado de caminhões em 2024


Valor Econômico - 08 dez 2023 - 08:47

O presidente da Mercedes-Benz do Brasil, Achim Puchert, tem feito contagem regressiva para 2023 terminar. Este foi um dos piores anos da história recente da indústria de caminhões no Brasil. Mas, por outro lado, o executivo alemão está otimista em relação a 2024. Segundo ele, no próximo ano, indicadores como taxa de juros e inflação o levam a acreditar no início da recuperação do setor.

“Não chegaremos ainda ao nível de 2022, mas estaremos próximos”, diz. Em 2023, o segundo ano de Puchert como presidente da operação brasileira, a Mercedes também amargou perda de participação no mercado de caminhões, que passou de 26% para 23%. Isso ajudou a Volkswagen, maior rival, a assumir a liderança.

Mas o baque em 2023 afetou a todos os fabricantes de caminhões. Após uma forte antecipação de compras, em 2022, o mercado este ano registrou retração de 14,4% no acumulado até novembro. Na quinta-feira (7), a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) previu que o setor terminará o ano com queda de 15,2% nas vendas internas.

A retração já era esperada pela indústria. Desde janeiro, os caminhões ficaram entre 20% e 30% mais caros em razão de equipamentos que tiveram que ser instalados para atender à mais recente legislação de emissões, conhecida por Euro 6. O ano fechou com queda de 37% na produção de caminhões.

“Esperávamos a queda, mas o Brasil continua a ser um mercado importante para caminhões e de ônibus”, diz Puchert.

Já faz um ano que a Mercedes encerrou seu último plano de investimentos no Brasil, que somou R$ 2,4 bilhões. Segundo Puchert, não há impedimentos para a empresa continuar a investir no país. Segundo ele, um novo programa está em discussão na matriz.

O pico de vendas de caminhões no Brasil foi em 2011, quando o mercado interno totalizou 172,8 mil unidades. Naquele ano também houve uma forte antecipação de compras, pelos frotistas, como forma de escapar de aumentos de preços provocados pela mudança de legislação de emissões.

O mercado encolheu nos anos seguintes, com variações. Na última década, o pior ano para o setor foi 2017, com a venda de 51,9 mil unidades.

Já o segmento de ônibus foi bem em 2023, com expansão de 18,8% nas vendas internas. Esse segmento foi fortemente prejudicado durante a pandemia. Como resultado do isolamento social, as vendas de ônibus somaram 13,9 mil unidades em 2020, bem abaixo dos 20,6 mil previstos pela Anfavea para 2023.

A expectativa é de um ano bom também em 2024. Além das licitações em diversas cidades do país, o segmento será beneficiado pelo “Caminho da Escola”, programa federal que oferece financiamento para compra de ônibus especiais para municípios que têm escolas em áreas rurais. A Mercedes, maior produtora de ônibus do país, não conseguiu, no entanto, vencer a última licitação, que prevê a entrega dos veículos em 2024.

Por outro lado, a Mercedes iniciou, recentemente, a entrega do primeiro lote de ônibus 100% elétricos, produzidos na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) e que vão inicialmente circular em São Paulo. Três empresas paulistanas pretendem adquirir total de 500 elétricos da marca, segundo Walter Barbosa, vice-presidente de vendas de ônibus da Mercedes.

Para Puchert, a eletrificação é uma tendência mundial com forte potencial de sucesso no Brasil. “Precisamos de mais infraestrutura”, destaca. Para ele, no meio urbano, a eletrificação tende a se expandir rapidamente. “O grande desafio é levar os veículos coletivos elétricos para o transporte rodoviário”, afirma.

O executivo defende que o Brasil também pode participar do desenvolvimento dos modelos elétricos movidos a célula a hidrogênio. “Há perspectivas de oportunidades nessa direção”, destaca.

Puchert reconhece o avanço das marcas chinesas na disputa do mercado de elétricos. “Mas não é algo que nos assusta; temos tradição, com 67 anos no Brasil”, diz.