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Enel X busca com ônibus elétrico novo negócio no Brasil


Fábio Rodrigues - 19 set 2023 - 11:24

A entrada em operação de 50 ônibus elétricos movidos a baterias na capital paulista na segunda-feira (18) é o principal passo da Enel X no segmento de mobilidade urbana no Brasil. Braço do grupo italiano Enel para serviços avançados em energia elétrica, a empresa será responsável pela infraestrutura de recarregamento dos veículos nessa primeira fas

A entrada em operação de 50 ônibus elétricos movidos a baterias na capital paulista na segunda-feira (18) é o principal passo da Enel X no segmento de mobilidade urbana no Brasil. Braço do grupo italiano Enel para serviços avançados em energia elétrica, a empresa será responsável pela infraestrutura de recarregamento dos veículos nessa primeira fase do programa da prefeitura paulistana, que prevê 2,6 mil ônibus elétricos até o fim de 2024.

A Enel X tem experiência nesse segmento no exterior. Hoje ela responde por 50% da frota de ônibus elétricos em Santiago (Chile) e Bogotá (Colômbia) somando 3,6 mil veículos. No México fornece serviços para 20% da frota elétrica. No mundo, são 6,3 mil unidades gerenciadas. Só a cidade de São Paulo tem cerca de 13 mil ônibus a diesel circulando, o que dá uma ideia do potencial de negócios para o grupo italiano.

Dificilmente a empresa será responsável pelos 2,6 mil veículos que a prefeitura prevê até dezembro do próximo ano, mas São Paulo já seria um salto em termos de volume. “Eletrificar a frota de ônibus na maior metrópole do Brasil é um passo fundamental para criar um modelo de cidades mais sustentáveis no país. A Enel X está empregando toda sua experiência em mobilidade elétrica na América Latina para impulsionar a eletrificação do transporte coletivo no país”, afirma Francisco Scroffa, executivo responsável pela Enel X Brasil.

A empresa não adianta números, mas garante que as negociações estão avançadas e a eletrificação na capital paulista e mesmo em outras cidades deve se acelerar nos próximos meses. A garantia dos contratos normalmente são os recebíveis que os operadores têm das prefeituras. O poder público, no caso de São Paulo, pelo menos, não interfere nas negociações que são feitas diretamente com os operadores.

“Em um ano fizemos seis pilotos em cidades diferentes do país. Nosso trabalho é fazer a experimentação com todos os fornecedores e oferecer nosso conhecimento na instalação e gerenciamento da infraestrutura. Mas quem escolhe é o operador. Ele vai selecionar a tecnologia que oferece as maiores vantagens competitivas. São vantagens técnicas, de garantia e de manutenção, por exemplo”, afirma Carlos Eduardo Cardoso de Souza, diretor de negócios para governos da Enel X Brasil. Não é raro o mesmo operador ter soluções diferentes para garagens diferentes.

O Brasil está engatinhando nesse segmento. Com os novos 50 ônibus, São Paulo já passa a ser a cidade com a maior frota de ônibus elétricos do país. O Estado da Bahia tem 20 veículos circulando na região metropolitana de Salvador, São José dos Campos (SP) tem 12, Salvador conta com oito e Vitória outros seis. Essas são as principais frotas do país hoje.

“O Brasil é um país promissor com enorme capacidade (de energia) renovável, fabricação local de tecnologia para veículos elétricos e uma frota de transporte público significativa nas grandes cidades”, avalia Scroffa.

Por isso todos os envolvidos na eletrificação de mobilidade urbana apostam no sucesso do programa de São Paulo para garantir volume e escala aos fabricantes. Dez fabricantes de ônibus estão habilitados ou em processo de habilitação na capital paulista, desde as brasileiras Eletra e Marcopolo; as tradicionais multinacionais instaladas há décadas no país Mercedes-Benz, Volkswagen e Volvo; as novatas chinesas BYD, Higer, Yutong e Zhongtong; até a portuguesa CaetanoBus, do grupo Salvador Caetano. Yutong e Zhongtong devem chegar ao Brasil com mais força somente em 2024. Já a BYD e Higer são apontadas como fortes competidoras.

“O modelo de negócio é oferecer um pacote de soluções para que o operador possa encaixar, dentro de seu orçamento, o custo da transição energética. Por isso buscamos ter parcerias com todos os fabricantes de ônibus, fornecedores de recarregadores e até de energia elétrica”, conta

Apesar de pertencer ao grupo italiano, que também possui a fabricante de carregadores Enel Way, a Enel X tem liberdade para negociar com outros fornecedores e tentar apresentar a melhor solução para as operadoras de ônibus. Pela carga que as garagens vão começar a consumir, os operadores podem se enquadrar como consumidores livres e buscar energia mais barata no mercado livre. Hoje eles são consumidores cativos da Enel. A única obrigação é que a energia seja 100% renovável.

Para além de São Paulo, Souza vê forte potencial nos programas de eletrificação de Curitiba, com a expectativa de entrada em operação de 70 ônibus nos próximos seis meses. A prefeitura de São José dos Campos deve voltar ao mercado com uma licitação de mais 400 veículos. O governo de Goiás estuda adotar 100 elétricos em Goiânia. O executivo cita ainda Salvador, Fortaleza e Rio de Janeiro como mercados com potencial para a eletrificação nos próximos dois anos. “Devemos ter muitos projetos em 2024 e 2025”, diz Souza.

Carlos Prieto – Valor Econômico