PUBLICIDADE
CREMER2024 CREMER2024
Motores

Eletrificação começa a afetar demanda por óleo a partir de 2024, prevê Citi


epbr - 26 jan 2024 - 09:22

A demanda por petróleo vai começar a sentir, e pela primeira vez este ano, maiores impactos da eletrificação de veículos, de acordo com projeções do Citi. O cenário deve se intensificar em 2025, quando os veículos elétricos podem deslocar uma demanda de até 500 mil barris/dia de petróleo.

A estimativa do banco é que o crescimento da demanda global por petróleo em 2024 seja de 1,3 milhão de barris/dia, abaixo dos 1,9 milhão de barris/dia registrados em 2023.

Nessa desaceleração do aumento do consumo em 2024, os analistas veem um reflexo que reflete não apenas das perspectivas mais fracas para crescimento econômico mundial, como também a aceleração da transição energética, com a maior eletrificação e ganhos de eficiência.

Além disso, os efeitos da recuperação da demanda por combustíveis de aviação pós-pandemia começam a perder força.

Para 2025, o banco projeta que o aumento da demanda global por petróleo vai ser de 700 mil barris/dia.

O crescimento menos acelerado do consumo nos próximos anos é uma tendência em direção ao “pico” da demanda projetado para o final da atual década, momento a partir do qual o consumo global de petróleo deve parar de crescer.

Espaço para crescimento dos veículos elétricos

As projeções foram apresentadas em um evento para clientes do banco no Brasil, na quarta (24/1).

“Estamos começando a sentir a transição energética e os veículos elétricos deslocando o petróleo”, disse o estrategista de commodities do Citi, Eric Lee.

O Citi aponta que, em 2025, a eletrificação da frota global já vai afetar as relações históricas entre o crescimento do produto interno bruto (PIB) e o aumento da demanda por petróleo.

Os analistas projetam que as vendas de veículos elétricos e híbridos podem chegar a 30 milhões de unidades no próximo ano, com demandas mais robustas em mercados emergentes e na Europa. “[As vendas] ainda são lentas nos Estados Unidos, mas são significativas”, acrescentou Lee.

A baixa infraestrutura de recarga, segundo o banco, ainda não deve representar um obstáculo para a demanda de veículos elétricos em 2024 e 2025.

Efeito nos preços do óleo

O banco considera que o preço do barril de petróleo tipo Brent deve ficar em média em US$ 74 em 2024, ante US$ 83 no ano passado.

Os analistas apontam que o mercado alcançou, de certo modo, um equilíbrio entre oferta e demanda no primeiro trimestre de 2024, com um “prêmio” pelos riscos geopolíticos no Oriente Médio. A tendência é de queda nos preços a partir do segundo trimestre.

“Nós recomendamos que produtores e fundos soberanos aproveitem a oportunidade para fechar contratos de venda com um Brent acima de US$ 80 para 2025 em diante, para compensar os riscos de baixa que vemos a partir do próximo ano”, disse Max Layton, chefe global de pesquisa de commodities do Citi.

No restante do ano, o Citi acredita que os riscos de eventuais disrupções geopolíticas com potencial de restringir o suprimento global tendem a ser compensadas pelo relaxamento dos cortes de produção da Opep+.

Para os analistas, o mercado já digeriu parte dos riscos causados pelos ataques de Houthis no Iêmen a navios no Mar Vermelho. O Citi recomenda, inclusive, que os produtores de petróleo considerem seguros para se proteger contra o risco de queda da commodity nos próximos meses.

Além disso, o banco aponta que o crescimento da produção em países que não fazem parte do cartel vai ser suficiente para atender a todo o aumento do consumo global este ano e no próximo.

O aumento da produção deve vir sobretudo dos Estados Unidos, Canadá, Guiana, Brasil e, a partir do final do próximo ano, de Uganda.

Para 2025, a previsão é de fortes quedas nas cotações, que devem registrar média de US$ 60 por barril, devido à expectativa pelo menor crescimento da demanda.

“Não há nenhum espaço para a Opep+ aumentar a produção em 2024. Se fizerem isso, os preços vão cair. Em 2025, não apenas não haverá espaço para crescimento na produção da OPEP+, como eles teriam que cortar os volumes ainda mais para manter um Brent acima de US$ 70 e nós não acreditamos que este é o cenário”, disse Layton.

Gabriela Ruddy – epbr