Alckmin acena para adoção do B20 em lançamento de usina de etanol da Be8

O Planalto pode incluir um novo pacote de bondades para a indústria de biodiesel no projeto de lei que vai criar o Programa Combustível do Futuro. Ao menos foi o que o vice-presidente, Geraldo Alckmin, sinalizou durante sua fala na cerimônia na qual a Be8 oficializou lançamento da usina de etanol que a empresa está construindo em Passo Fundo (RS). O evento foi realizado na manhã dessa sexta-feira (04).

“Vamos trabalhar para, no Combustível do Futuro, a gente ir para B20”, afirmou o político que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Em gestação desde meados de 2021, o Programa Combustível do Futuro pretende criar um marco legal para articular as diferentes políticas públicas do governo brasileiro voltadas à descarbonização do setor de transportes.

Já se sabia que o futuro programa pode ampliar para 30% a adição de etanol anidro na gasolina – hoje o percentual é de 27,5% – e criar metas para o diesel verde e para os combustíveis sustentável de aviação (SAF).

Ainda ontem (03), um grupo de empresários do setor de biodiesel e de parlamentares estiveram com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Embora a pauta da reunião tenha incluído o Programa Combustível do Futuro, os relatos disponíveis sobre o encontro não mencionavam a ampliação do patamar da mistura obrigatória para B20.

A fala do vice-presidente ao menos indica que a ideia está circulando na Esplanada dos Ministérios

Investimento em etanol

Maior produtora de biodiesel do país, a Be8 está também se preparando para entrar no mercado de etanol. A empresa está investindo R$ 556 milhões para instalar em Passo Fundo (RS) – cidade onde já tem um complexo industrial que hoje se dedica à produção de biodiesel – uma unidade de produção de etanol com capacidade para fabricar até 220 mil m³.

Esta será a primeira usina de etanol de grande porte do Rio Grande do Sul.

A meta do grupo é fabricar seu biocombustível a partir do processamento de cerais como milho, trigo e triticale. Especialmente grãos plantados na safrinha de inverno. Além do etanol, a Be8 também vai vender grãos secos de destilaria (DDGS) para a produção de rações animais.

Embora o projeto já fosse de conhecimento do mercado desde junho do ano passado. A cerimônia de lançamento foi realizada só hoje e contou com as presenças – além do vice-presidente – do ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, e do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

Novo investimento

Durante a cerimônia, o presidente da Be8, Erasmo Battistella, anunciou oficialmente que sua empresa também fará um investimento adicional de R$ 300 milhões para integrar uma unidade de produção de glúten vital à futura usina de etanol. O material é um concentrado proteico extraído a partir de farinha de cereais que é usado pela indústria de alimentos.

Hoje o Brasil precisa importar 100% do glúten vital que consume – cerca de 25 mil toneladas anuais. Com o investimento da Be8, o país passa a ter capacidade para fabricar até 35 mil toneladas do material por ano.

Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com{/viewonly}