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Saúde

Etanol e biodiesel evitam centenas de mortes ao ano em SP por menos emissões, aponta EPE


Reuters - 01 mar 2021 - 09:36

A adição obrigatória de biodiesel ao diesel e etanol anidro à gasolina evita centenas de mortes por ano na região metropolitana de São Paulo por meio da redução da emissão de particulados, segundo estudo publicado pela estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que indicou que as políticas de biocombustíveis possuem impacto positivo “significativo” na saúde humana.

Segundo a EPE, com as demandas de etanol e gasolina observadas em 2018 na região, o consumo do biocombustível causou a redução de 371 óbitos por ano e aumentou a expectativa de vida em 13 dias na comparação com um cenário em que não há qualquer demanda por etanol, apenas por gasolina.

O panorama reflete a demanda por etanol hidratado e a mistura adotada de mais de um quarto de etanol anidro na gasolina comum.

Caso houvesse um aumento de 10% no consumo de etanol hidratado em detrimento da gasolina, disse a pesquisa, mais 43 mortes seriam evitadas anualmente e a expectativa de vida avançaria em mais um dia.

“Os resultados apontam que o uso do etanol tem elevado impacto positivo na saúde humana sob o prisma de emissão de particulados, contribuindo para uma redução de 7,2% de concentração de particulados associada ao setor de transportes”, afirmou o estudo publicado pela EPE.

Biodiesel

No caso do biodiesel, com base em variações alternativas de dados captados em 2018 na região, o estudo divulgado nesta semana concluiu que a mistura de 12% de biodiesel no diesel B (B12) evita 277 mortes anualmente e faz com que a população deixe de perder dez dias de vida desde o nascimento, em comparação com o cenário em que não há qualquer mistura.

A adição obrigatória de 12% é exatamente a adotada pelo Brasil no momento – a partir de março, porém, ela será elevada a 13%, e o cronograma estipulado pelo país indica aumento a 15% até 2023.

A pesquisa também traçou panoramas para os impactos positivos gerados pelas misturas de 10% e 15%.

Com a trajetória B10, que foi usada como cenário-base de São Paulo em 2018, são evitadas 244 mortes, com um aumento de nove dias na expectativa de vida. Já a eventual mistura de 15% acarretaria 348 mortes a menos por ano, e aumentaria a expectativa de vida em mais quatro dias ante à trajetória B10.

“A adição de biodiesel ao diesel A também apresentou impacto significativo na saúde humana em termos de emissão de particulados”, afirmou a nota técnica da EPE.

O estudo destacou que, em 2018, a mistura obrigatória de 10% evitou 6,8% das emissões provenientes do setor de transportes na região metropolitana de São Paulo.

Qualidade de vida

Por fim, a pesquisa também avaliou o valor implícito à melhoria da qualidade de vida decorrente do uso de biocombustíveis em substituição aos combustíveis fósseis, seguindo métricas da Organização Mundial da Saúde (OMS) com base na variação da expectativa de vida.

Por esses critérios, a trajetória que considera a demanda atual por etanol e gasolina tem resultado positivo de 24,6 bilhões de reais ante o cenário em que há consumo apenas de gasolina. No diesel, a mistura-base de 10% resulta em impacto econômico de 17 bilhões de reais.

A OMS estima que a poluição atmosférica nas cidades e áreas rurais cause anualmente 4,2 milhões de mortes prematuras em todo o mundo, principalmente pela exposição a materiais particulados, destacou a nota técnica da EPE.

“A inserção de biocombustíveis na matriz de transportes, grande responsável pela demanda de combustíveis e importante emissor de GEE (gases de efeito estufa) da economia global, se torna cada dia mais relevante”, concluiu o estudo.

Gabriel Araujo – Reuters