Fundo proposto pelo Brasil muda lógica econômica contra o desmatamento, diz New York Times
Os fundos de investimentos para a proteção das florestas, proposto pelo Brasil, é uma forma de subverter a lógica econômica por trás do desmatamento e a COP30 será uma forma do país tentar promover sua visão ambiental em meio a ventos políticos instáveis, avalia o The New York Times em reportagem publicada nesta quarta-feira (33).
Essa lógica de arrecadação de fundos surgiu como uma alternativa a uma lei da União Europeia, criada em 2023, que obrigaria os produtores de gado, madeira, cacau, soja, óleo de palma, café e borracha a comprovar que seus produtos não provêm de terras recentemente desmatadas.
Para manter o acesso ao mercado europeu, agricultores de grandes países produtores e exportadores de café, como Vietnã e Etiópia, estão se preparando para fornecer dados de geolocalização sobre a procedência de suas safras. O Brasil, porém, se opôs a essa legislação.
“No ano passado, o Brasil pressionou por adiamentos [dessa legislação europeia], escrevendo à Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia, afirmando que se trata de ‘um instrumento unilateral e punitivo que desrespeita as leis nacionais’, entra em conflito com os princípios de soberania, discrimina países com recursos florestais e aumenta os custos de produção e exportação”, escreve o jornal americano.
Assim, a solução proposta pelo Brasil seria “uma mudança na lógica econômica”, na qual “seria pago aos países em desenvolvimento uma taxa pela proteção das florestas”.
No mês passado, a Comissão Europeia solicitou um adiamento na implementação dessa lei de desmatamento, alegando que o sistema não está tecnicamente pronto.
Na terça-feira, a comissão anunciou uma redução nos requisitos em vez de um adiamento total, com regras começando de forma escalonada para grandes e pequenas empresas. A proposta, observou a comissão, ainda precisa da aprovação do Parlamento Europeu.