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EPE faz estudo sobre criação de mercado de carbono


Valor Econômico - 07 out 2021 - 09:32

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) está concluindo os estudos sobre a criação de um mercado de precificação de carbono no Brasil e deve apresentar um relatório ao Ministério da Economia e ao Ministério de Minas e Energia (MME) até o fim do ano, segundo o presidente Thiago Barral.

“Temos que ter em mente que o mercado brasileiro é ofertante de energias limpas. O ideal seria talvez começar com um mercado regulado e ampliá-lo para além do setor elétrico, buscando segmentos em que a eletrificação possa ser uma solução de descarbonização, como mineração e transportes”, disse Barral, durante o Shell Talks, evento on-line promovido na manhã de ontem, em parceria com Valor e “O Globo”.

Durante o mesmo evento, à tarde, o deputado Christino Áureo (PP-RJ) defendeu maior rapidez nas discussões no Congresso Nacional sobre a criação de um mercado de créditos de carbono. Para ele, o país vai precisar fazer um esforço para avançar no tema antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26), que vai acontecer no início de novembro. “Essa discussão já deveria ter evoluído”, disse Áureo.

Nesse sentido, Barral disse que novas fontes renováveis podem contribuir para o mercado de carbono no Brasil, como a geração eólica marítima e o hidrogênio. Ele lembrou que o Brasil precisa ter um olhar atento ao planejamento das redes elétricas, de modo a permitir a expansão das fontes renováveis. “A maior contribuição que podemos dar neste momento para que as renováveis possam manter a trajetória de crescimento na matriz é investir em redes de distribuição e transmissão. Sem redes, não vai haver espaço para que esses empreendimentos possam ofertar sua energia", disse.

O presidente da EPE também disse que, em meio ao aumento nas tarifas de energia, o grande desafio do setor elétrico hoje é garantir uma matriz que seja resiliente e com preços acessíveis para toda a população. O Brasil vive o período seco com o menor volume de chuvas em 91 anos, o que levou a aumentos nos preços de energia. “A energia elétrica subiu bastante, por causa de crise hídrica e do câmbio, mas temos que perseguir de forma estrutural uma matriz que traga resiliência e resulte em preços acessíveis da energia para toda a população”, afirmou.

Barral disse que existe espaço para o aumento da demanda por eletricidade no país, tanto pelo crescimento da economia, quanto pela ampliação do acesso à energia. Ele lembrou também que, nesse contexto de aumento do consumo, um dos desafios será atender a demanda em horários de pico, já que as fontes de renováveis dependem de condições climáticas favoráveis para entregar energia. “Vemos uma oportunidade para a competição entre projetos de gás natural, renováveis com armazenamento, as hidrelétricas e a própria resposta de demanda, o que pode contribuir para um menor custo final ao consumidor”, disse.

Gabriela Ruddy – Valor Econômico