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Soja

Venda de sementes indica expansão nas áreas de soja e algodão


Valor Econômico - 23 ago 2022 - 10:48

Incentivados pelos preços atrativos das commodities e pela rentabilidade das lavouras, os produtores têm apostado na expansão das áreas para a safra 2022/23. Esse movimento ocorre a despeito do aumento dos custos de produção.

Um bom termômetro dessa aposta é o ritmo de comercialização das sementes para a temporada. “Mais de 90% das sementes de soja já foram vendidas”, disse ao Valor Hugo Borsari, diretor de Sementes da Divisão de Soluções para Agricultura da Basf na América Latina. Segundo ele, a área de plantio de soja deve crescer 4% no Brasil nesta temporada.

No caso do algodão, a área de cultivo deve aumentar entre 5% e 10%. O plantio na Bahia, o segundo maior produtor do país, começa em novembro, e, em Mato Grosso, maior produtor, concentra-se em janeiro.

O cenário de preços e custos ainda está indefinido, assim como os potenciais resultados da safra de soja. Mas, segundo Borsari, a comercialização das sementes já alcançou 40% do total, um ritmo “normal”, afirma ele.

A Basf é uma das principais empresas de genética e biotecnologia para algodão e soja. No Brasil, metade da área plantada com a fibra leva tecnologias da multinacional, que lidera esse mercado, mas não abre números sobre volume e receita da comercialização de sementes.

A maior parte da ampliação de área de algodão ocorrerá em Mato Grosso, mas o Paraná também deverá participar dessa expansão. Produtores estão apostando na retomada da cultura no Estado, que já foi o segundo principal produtor do país, mas perdeu espaço nos anos 1980, quando as lavouras foram dizimadas por pragas e sofreram com a falta de mão de obra.

O vice-presidente da Associação dos Cotonicultores Paranaenses (Acopar), Milton Martinez, disse que a intenção é plantar a pluma em 2 mil hectares na safra 2022/23. O cultivo deve ocorrer em municípios do norte do Estado, próximos a Londrina e Ibiporã, sede da entidade. A região é quente e oferece condições mais propícias à fibra.

Um grupo privado prevê investir R$ 2,5 milhões na instalação de uma nova algodoeira no Estado, em local ainda a ser definido. A ideia é cultivar algodão no verão, em um esforço que visa, também, à rotação de culturas, que ajudaria no combate a doenças nas lavouras de soja e milho.

A Acopar já comprou quatro colheitadeiras usadas para a retomada da cotonicultura paranaense. “A região é quente, encaixa bem para o algodão. Nosso problema não é o bicudo-do-algodoeiro, é o percevejo, mais fácil de controlar. Estamos animados”, diz Martinez.

Interesse dos gigantes

Cultura que exige alta tecnologia e tratos e manejo eficientes, o algodão tem recebido ainda mais atenção de gigantes do setor. No mundo, a Bayer tem investido € 2 bilhões em pesquisa e desenvolvimento da cotonicultura.

“A inovação e a tecnologia vão habilitar o Brasil a ter uma agricultura cada vez mais sustentável, produzindo mais e melhor”, disse Márcio Santos, vice-presidente da área comercial da divisão agrícola da Bayer, durante o Congresso Brasileiro do Algodão, realizado em Salvador na semana passada. Segundo ele, a companhia trabalha em duas novas biotecnologias, que devem chegar aos produtores nesta década e na próxima.

A Bayer também tem trabalhado para desenvolver defensivos agrícolas “mais amigos do ambiente”. Na avaliação de Márcio Santos, é importante conectar o uso responsável desses insumos com a agricultura digital para que os insumos sejam mais precisos, eficientes e baratos.

“O grande salto que teremos em produtividade virá com a possibilidade de gerenciarmos cada pedaço do talhão como ele precisa. Por isso trabalhamos para apresentar aos agricultores dados em tempo real para que eles tomem a decisão com informação”, destacou Santos.

O jornalista viajou a convite da Abrapa

Rafael Walendorff – Valor Econômico