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Soja

Sojicultores defendem protagonismo tropical na agenda climática da COP30


Globo Rural - 07 nov 2025 - 10:50

Produtores de soja do Brasil apresentaram nesta quinta-feira (6/11) uma carta-manifesto do setor para a COP30. O documento lista propostas em quatro eixos para a agenda climática: segurança alimentar, segurança energética, ciência tropical e governança e produtivismo verde.

O texto destaca, principalmente, a defesa das especificidades da agricultura tropical, as potencialidades do Brasil como produtor de alimentos e biocombustíveis e a necessidade de mudar a “narrativa” sobre o setor agrícola.

Para os sojicultores, a COP30 em Belém (PA) é uma oportunidade para o Brasil liderar uma nova agenda global, já que o país reúne elementos que o mundo precisa, como ciência sólida, matriz energética limpa e agricultura eficiente. “O Brasil é capaz de provar que é possível crescer reduzindo emissões, produzir conservando e gerar prosperidade com inclusão”, diz o manifesto da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) e da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT).

As entidades dizem que o país propõe unir “o que nunca deveria ter sido separado — verde e riqueza, clima e desenvolvimento, governança e soberania”. Segundo os sojicultores, a partir dos trópicos, pode nascer o modelo “verde” mais promissor para o século XXI: uma economia que converte sustentabilidade em valor, ciência em produtividade e natureza em prosperidade compartilhada. “O futuro sustentável será tropical e produtivo”, pontua o texto.

O presidente da Aprosoja Brasil, Maurício Buffon, disse que a agricultura tropical coloca o país na vanguarda da preservação ambiental perante o mundo e que é preciso ter métricas específicas para calcular emissões e remoções da atividade.

“Todas as métricas usadas hoje para medir a agricultura, as emissões de gases da agricultura brasileira e mundial, é com base em uma agricultura temperada que é totalmente diferente. Quando nós olhamos para o Brasil com o plantio direto, com segunda safra e até terceira safra em cima de uma mesma área, os números são diferentes, os números são outros”, disse Buffon a jornalistas após apresentação do manifesto em evento no Senado Federal nesta quinta-feira (6/11).

Ele disse que universidades já têm desenvolvido estudos para estabelecer as métricas tropicais. O desafio, apontou, é convencer o governo federal e alinhar o discurso.

“Nós vamos trabalhar até o governo brasileiro entender e olhar para esses dados com seriedade. E para isso também nós estamos fazendo trabalho científico”, completou.

Ele também destacou o papel do país como produtor de biocombustíveis, como o etanol de milho e de cana e o biodiesel de soja ou sebo bovino. “O maior vilão do clima são os combustíveis fósseis, isso tem que ficar claro. O Brasil tem muito a mostrar, precisamos ter voz dentro da COP para mostrar os números”, disse no evento.

O documento já foi apresentado ao enviado especial da agricultura para a COP30, o ex-ministro Roberto Rodrigues, mas será entregue em mãos no dia 12 de novembro, em Belém.

Propostas

Veja as principais propostas da Aprosoja Brasil e Aprosoja-MT para a agenda climática na COP30:

Eixo 1 - Segurança alimentar
• Reconversão produtiva e ampliação da oferta de alimentos;
• Tecnologia tropical e inovação;
• Infraestrutura multimodal e integração territorial;
• Adaptação climática e gestão de risco;
• Segurança jurídica e direitos de propriedade;

Eixo 2 - Segurança energética
• Programa Nacional de Bioenergia Avançada;
• Crédito Rural Energético;
• Pactos Regionais de Agroenergia;
• Diplomacia da Bioenergia Tropical;

Eixo 3 - Ciência tropical e governança
• Sistema Nacional de Métricas e Padrões Tropicais;
• Fórum Internacional de Agricultura e Clima Tropical;
• PIB Verde e Serviços Ambientais;
• Revisão da NDC Brasileira;

Eixo 4 - Produtivismo verde
• Financiamento climático direto ao produtor;
• Mercado de carbono includente;
• Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) efetivo;
• Acordos Tropicais de Comércio Sustentável e Inteligente (Smart Trade Agreements);
• Concorrência verde e inteligência estratégica;

Rafael Walendorff – Globo Rural