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Soja

Soja em Chicago tem fortes altas nesta segunda-feira


Notícias Agrícolas - 06 jun 2016 - 13:15

A semana começou aquecida para o mercado da soja na Bolsa de Chicago. Na sessão desta segunda-feira (6), por volta das 7h40 (horário de Brasília), as posições mais negociadas subiam entre 19 e 22,75 pontos, com o julho/16 sendo cotado a US$ 11,53 por bushel. Já o novembro/16, que é referência para a safra americana, vinha sendo negociado a US$ 11,04.

De acordo com informações de agências internacionais, novas chuvas chegam à Argentina, comprometendo ainda mais a safra 2015/16, que já está menor diante das perdas causadas nos últimos meses pelo excesso de umidade. Dessa forma, analistas acreditam que as exportações argentinas possam também ser reduzidas, atraindo a demanda pelos fornecedores alternativos, principalmente os Estados Unidos, já que, no Brasil, a comercialização desta temporada já está bastante adiantada.

Além disso, a demanda mundial pela soja da nova safra norte-americano, ainda de acordo com analistas, também dá sinais de fortalecimento e ajuda a puxar os preços na Bolsa de Chicago.

E o movimento de alta nesta segunda-feira se estende por todo o complexo soja. Ainda na CBOT, sobem também os futuros do farelo - com o julho/16 cotado a US$ 422,30 por tonelada curta - e do óleo. Além disso, o dia é positivo também para as demais commodities agrícolas e também o petróleo que, na manhã de hoje, subia mais de 1% na Bolsa de Nova York, sendo mais um fator de ganho para as cotações da oleaginosa e seus derivados.



Ainda nesta segunda, chegam ao mercado internacional dois novos reportes do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), sendo um do embarque semanal de grãos - no início da tarde - e um de acompanhamento de safras, a ser reportado somente às 17h (Brasília), após o fechamento do pregão na CBOT.

A última semana foi histórica para os preços da soja no Brasil. Os valores chegaram aos R$ 100,00 por saca no porto de Paranaguá diante da oferta extremamente aquecida e de uma demanda mundial ainda muito intensa pela oleaginosa nacional. A partir de agora, a relação pode se ajustar ainda mais e, dessa forma, os principais questionamentos dos participantes do mercado são se esse é mesmo o novo patamar de preços, se pode ser elevado e até quando dura este momento.

Para analistas, os fatores que direcionam este mercado são, neste momento, suficientes para promover, ao menos, uma manutenção de valores como estes observados nos últimos, em uma junção, inclusive, da realidade interna e da internacional. A volatilidade, entretanto, será inevitável. E a perspectiva positiva se estende por toda o complexo soja, ainda de acordo com os especialistas.

"As condições internas do Brasil são suficientes para bancar a sustentação desse novo patamar de preços até o final do ano", acredita Carlos Cogo, consultor de mercado da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica. "Há grandes possibilidade de que novas altas ocorram daqui para frente", completa.

E entre os principais componentes dessas condições vêm do "super ritmo" das exportações nacionais que, com uma entressafra que chegou muito mais cedo neste ano, promoverá uma disputa da pouca oferta entre a indústria esmagadora brasileira e o exportador.

Os últimos números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostraram que, somente em maio, as exportações de soja do Brasil totalizaram 9,915 milhões de toneladas, um volume 6,1% maior do que o registrado no mesmo mês de 2015. Dessa forma, no acumulado do ano, as vendas brasileiras já chegam ao recorde de 30,804 milhões de toneladas, ou 37,3% a mais do que no mesmo período do ano passado.

A projeção da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) divulgada nesta quinta-feira (2), é de que o Brasil exporte cerca 54,6 milhões de toneladas de soja em grão em 2016. O número, nesse último reporte, foi revisado para baixo. Ainda segundo analistas, é natural que, nos próximos meses, o ritmo passe por alguma desaceleração diante de vendas tão expressivas nos anteriores. Entretanto, os derivados poderiam compensar.

"O volume embarcado de soja em grão já começou a diminuir após resultados expressivos desde março, mas as exportações de farelo e óleo aumentaram, contribuindo para o resultado do complexo", explica Cogo. Em seu levantamento, as vendas externas para exportação da cadeia da soja já chegam a 38,162 milhões de toneladas, apresentando um ganho de 33,2% em relação ao mesmo período do ano passado.

Farelo de Soja

Entre os derivados de soja, o farelo - que é responsável por 80% da formação do preço do grão - tem se destacado. O consumo mundial de proteína animal vem se intensificando e a demanda pelo produto, que é base da alimentação animal, acompanha e, portanto, tem papel determinante nesse novo cenário dos preços.

Em Chicago, o farelo foi a commodity que mais subiu em 2016, com ganho acumulado de 54,84% no ano em Chicago, registrando seus melhores preços em dois anos. No Brasil, após as perdas severas na produção do milho e em meio a uma crise de desabastecimento do cereal, a necessidade do farelo é cada vez maior. "O cenário interno do farelo de soja é ainda mais firme do que o internacional", explica o consultor de mercado Ênio Fernandes.

E a situação se agrava ainda mais depois das perdas da safra 2015/16 na Argentina, que é a maior produtora e exportadora mundial do derivado. E a quebra está ainda está sendo contabilizada. Com condições adversas de clima criadas pelo excesso de chuvas, a colheita ficou atrasada e os grãos de soja perderam qualidade de forma bastante severa, podendo comprometer a chegada dessa oferta ao mercado. A demanda, portanto, poderia voltar-se para o Brasil e também para os Estados Unidos.

Demanda e Prêmios

No Brasil, já se registra uma entressafra antecipada e, por conta disso, a exportação e a demanda interna disputando a pouca oferta disponível. Um dos reflexos disso, além da subida intensa dos preços da soja também no interior do país - o valor chegou nesta semana a R$ 91,00 por saca em Primavera do Leste/MT, por exemplo -, são os prêmios pagando cada vez mais pela soja nacional nos principais portos. Nas demais praças e portos pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, os ganhos variaram entre 2% e mais de 9%. No terminal de Rio Grande, o produto disponível foi a R$ 96,50 para encerrar a semana, avançando 9,66%.

Ao longo dos últimos dias, as posições mais próximas de entrega chegaram a variar de US$ 1,00 a US$ 1,40 por bushel sobre os valores praticados para a oleaginosa na Bolsa de Chicago. E a tendência é de uma continuidade dessa movimento, já que o consumo é cada vez maior, vide o número das exportações. Assim, os preços para o produtor brasileiro já passam de US$ 12,00 por bushel ao se somar o valor do prêmio.

Ao mesmo tempo, com a baixa disponibilidade no Brasil e a indústria esmagadora nacional ávida pelo produto - e, mais adiante, podendo pagar melhor do que a exportação em muitas praças, principalmente as que possuem maior parque industrial - o consumo dos importadores poderiam voltar-se mais para a soja dos Estados Unidos e ser, neste momento, mais um fator de alta para os futuros da oleaginosa praticados na Bolsa de Chicago.

Mercado Internacional

No mercado internacional, além de todos esses fatores, os futuros da soja contam ainda com a volatilidade trazida pelas expectativas da nova safra dos Estados Unidos. A maior dúvida se dá em cima da área a ser plantada no país. As primeiras projeções apontavam para uma redução em relação à temporada 2015/16, porém, a recente puxada dos preços poderia estimular uma revisão por parte dos produtores norte-americanos.

Até este momento, as condições de clima não trazem preocupações grandes. A maior parte do Corn Belt vem contando com um cenário climático favorável e o plantio se desenvolve bem, já concluído em 74% da área. "O verão está aí e o mercado é todo sobre o clima", afirma Bob Burgdorfer, analista de mercado do site Farm Futures.

Ainda assim, diante de todos os outros fundamentos que são positivos, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam a semana com altas de 2,43% a 4,19% entre as principais posições. O julho/16 terminou com US$ 11,32 por bushel, enquanto o novembro/16, referência para a safra americana, foi a US$ 11,01.