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Soja

RS perde participação em biodiesel com quebra de safra


Reuters - 08 mar 2012 - 09:43 - Última atualização em: 08 mar 2012 - 12:36

O Rio Grande do Sul perdeu participação no último leilão de biodiesel realizado pelo governo e a quebra de safra de soja no Estado pode resultar em acirrada disputa entre tradings e indústrias processadoras nos próximos meses, avaliou analista da Informa Economics FNP nesta quarta-feira.

Levantamento da Informa Economics FNP aponta que o Rio Grande do Sul manteve a liderança, com oferta de 193,2 milhões de litros, de um total de 700 milhões de litros do 25º leilão para compra de biodiesel da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), realizado entre 27 de fevereiro e 1o de março.

O Estado segue como principal fornecedor de biodiesel, com 27,6 por cento de participação, contra 28,3 por cento do leilão anterior, segundo a consultoria.

"Pode parecer pouco se comparado ao último leilão, mas na comparação com o 21o leilão, feito em época semelhante do ano passado, se vê que o Estado fechou muito mais", disse o analista da Informa para grãos, Aedson Pereira.

Segundo ele, na mesma época do ano passado, as indústrias gaúchas comercializaram 225,5 milhões de litros de biodiesel, o equivalente a 34 por cento do total negociado na ocasião.

O Rio Grande do Sul teve uma quebra expressiva de produção após severa estiagem no Estado, com safra de soja estimada em 7,1 milhões de toneladas, contra uma projeção inicial de 10,3 milhões de toneladas.

"Isto já apresenta ser uma condição ocorrida pela quebra da produção lá (no Rio Grande do Sul)... É um dos efeitos da queda que já está se refletindo nos leilões", acrescentou.

Para o analista, neste cenário o Rio Grande do Sul deverá viver um ano de intensa disputa entre as tradings exportadoras do grão e as indústrias processadoras no Estado.

A alta demanda das usinas gaúchas de biodiesel poderá levar à compra de soja de outros Estados, que pode chegar a 500 mil toneladas em 2011/12, estima a Informa. No ano passado, com recorde de produção e processamento, o Estado chegou a "importar" (trazer de outros Estados) cerca de 240 mil toneladas.

Ele acrescentou que até já se fala no mercado na possibilidade de importação de óleo bruto da Argentina para atender à demanda da indústria de biodiesel do Estado.

Acompanhamento da Informa mostra que na semana que antecedeu o leilão, as indústrias de biodiesel chegaram a oferecer entre um e dois reais a mais que as tradings pela soja comercializada no Estado. As indústrias elevam as ofertas de preço na tentativa de garantir a produção de biodiesel compromissada com a ANP.

Estimativa da consultoria mostra que o Estado, depois de produzir perto de 12 milhões de toneladas na última safra, exportou cerca de 6 milhões de toneladas, enquanto a indústria local processou cerca de 5,7 milhões de toneladas.

Para este ano, diz o analista, o processamento no Estado deve ficar ainda perto de 5 milhões de toneladas, pela necessidade de manter o funcionamento com pelo menos 50 ou 60 por cento da capacidade da indústria.

"Haverá uma briga forte pelo grão neste ano sobretudo nos Estados onde a quebra de safra foi mais pesada", afirmou.

Fabíola Gomes

Nota BiodieselBR: A análise publicada acima pela Reuters desconsidera as alterações na dinâmica da disputa e a entrada de outras usinas no leilão. BiodieselBR discorda da influência da safra de soja no resultado, que apesar de ser uma variável importante não foi determinante para o resultado do RS, bem como de outros Estados.

A comparação com o leilão 21 é válida, mas principalmente pela forma com que aconteceu a disputa e não pelo período das entregas de biodiesel ser o mesmo. No entanto a presença de novas usinas, aumentos de capacidade e a dinâmica do leilão (no 21º a ADM participou com uma liminar que foi cassada durante a disputa) são os principais motivos para a diferença na participação do RS.

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