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Soja

Preço da soja teve baixa no cenário externo mesmo com quebra no Brasil


Globo Rural - 01 fev 2024 - 09:16

No primeiro mês do ano, o suco de laranja e a soja foram os destaques de baixa nas bolsas americanas. Pelo lado das altas, o cacau seguiu sua trajetória de valorização em janeiro, conforme o levantamento do Valor Data.

Depois de subirem 73% no ano passado, os contratos de suco de laranja concentrado e congelado caíram pelo segundo mês consecutivo em janeiro. O recuo foi de 10,82% na bolsa de Nova York, para uma média de US$ 3,1352 a libra-peso, considerando os contratos de segunda posição.

Na avaliação de Andres Padilla, analista sênior do Rabobank Brasil, a desvalorização do suco já era esperada, uma vez que as altas do ano passado abriram espaço para os investidores embolsarem os lucros. Além disso, a forte alta em 2023 também já começou a afetar a demanda.

“Nos EUA, há relatos de grandes marcas que reduziram em 20% seu volume de vendas no quarto trimestre de 2023. Esse é um percentual muito expressivo, por se tratar de um mercado tão relevante”, observou Padilla.

O segundo recuo mensal não significa o fim das altas expressivas para o suco de laranja, segundo analistas. A razão é que a baixa disponibilidade de produto no Brasil, maior exportador global, deve continuar influenciando o mercado.

“O Brasil está terminando a quarta temporada seguida com um volume considerado pequeno em termos de safra, e sem perspectivas de melhoras, já que existe um certo temor pelos efeitos do calor intenso nos pomares no final do ano passado”, disse Ibiapaba Netto, diretor-executivo da Associação Nacional das Indústrias Exportadoras de Sucos Cítricos (CitrusBR).

Também há problemas em outros produtores de laranja, como o Estado americano da Flórida e o México, lembrou o dirigente.

Outro destaque de queda, a soja negociada na bolsa de Chicago, recuou 6,49% em janeiro, para o valor médio de US$ 12,3848 o bushel, considerando os contratos de segunda posição.

Houve recuo mesmo com indicações de quebra de safra no Brasil, o maior exportador mundial.

“As pessoas costumam olhar muito para a quebra de safra em Mato Grosso, mas a bolsa de Chicago analisa todo o contexto macro para a formação de preço, e a Argentina tem um papel importante nesse sentido. O país pode mais que dobrar sua produção em 2023/24”, afirmou Francisco Queiroz, analista da consultoria Agro do Itaú BBA.

A desaceleração das importações chinesas de soja também refletiu em queda das cotações da oleaginosa na bolsa americana. Segundo Queiroz, a procura do país asiático caiu, reflexo de uma demanda menor por ração por indústrias de suínos chinesas.

Os preços do milho em Chicago também recuaram, com o aumento esperado na colheita dos EUA na safra 2023/24. A cotação média dos contratos de segunda posição ficou em US$ 4,6318 por bushel, ou 4,68% a menos que dezembro.

“O país deverá colher uma safra recorde, de quase 390 milhões de toneladas. Já os estoques podem crescer quase 60% nesta safra. Como os EUA são os maiores produtores de milho do mundo, o balanço americano exerce grande influência nesse mercado”, disse o analista do Itaú BBA.

O balanço de oferta mais confortável também pesou no trigo. As cotações em Chicago fecharam janeiro em US$ 6,1181 por bushel em média, com queda de 2,53%.

O cenário exatamente oposto, de déficit na oferta, fez o cacau ser o destaque de alta em janeiro, na bolsa de Nova York. Os contratos de segunda posição fecharam com valor médio de US$ 4.401 a tonelada, aumento de 4,42%.

A valorização reflete a perspectiva de menor oferta na Costa do Marfim, o maior produtor mundial. No país africano, as lavouras envelhecidas e os efeitos do El Niño afetam a produção de cacau.

Ainda na bolsa de Nova York, o algodão fechou janeiro com valor médio de 83,68 centavos de dólar por libra-peso, alta de 3,41%. Já os contratos de segunda posição do açúcar subiram 1,76%, para 21,98 centavos de dólar por libra-peso, em média.

Paulo Santos – Globo Rural