Paraná estende janela de plantio de soja em regiões que tiveram excesso de chuvas

A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) prorrogou a janela para plantio de soja até 31 de janeiro de 2024 em duas regiões do Estado por conta do excesso de chuvas e da necessidade de replantio de diversas lavouras.

Com isso, os agricultores das áreas mais afetadas poderão fazer a semeadura em período além da janela inicialmente prevista. O Departamento de Economia Rural (Deral) do Estado informou que 99% da área já havia sido semeada com a oleaginosa.

Nessa quarta-feira (06/12), a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) informou que vai pedir ao Ministério da Agricultura a extensão da janela de plantio da soja por conta dos problemas climáticos enfrentados em diferentes regiões produtoras do país.

A ampliação do prazo não é automática, alertou a Federação da Agricultura e Pecuária do Paraná (Faep). Os sojicultores dessas regiões precisarão cadastrar suas áreas na Adapar, preenchendo um formulário online específico. Cada produtor terá que entrar no site da agência e seguir os passos descritos, fornecendo as informações necessárias, para que possa fazer o plantio fora da janela inicial.

As datas de plantio de soja do Paraná foram divididas em três regiões para a safra 2023/24 pelo Ministério da Agricultura e tinham como data-limite 18 de janeiro de 2024. A portaria que institui o Programa Nacional de Combate à Ferrugem Asiática da Soja, no entanto, prevê que o órgão sanitário estadual pode modificar o calendário e autorizar a semeadura de forma excepcional, como a de agora.

Na região sudoeste do Estado, definida como zona 3, o calendário de plantio original era entre 17 de setembro e 15 de janeiro de 2024. A data final foi estendida para 31 de janeiro, com mais 15 dias para a semeadura.

Já na zona 1, que engloba as mesorregiões centro-sul, centro-oriental, sudeste e metropolitana, o período para o plantio de soja estabelecido por Brasília era entre 20 de setembro e 18 de janeiro. A data final também foi estendida para 31 de janeiro.

Na zona 2, que engloba municípios das regiões oeste, noroeste, centro-ocidental, norte central e norte pioneiro do Estado, ou seja, a maior parte do território paranaense, não terá alteração. Nesses locais, a semeadura começou em 11 de setembro e deverá ser encerrada em 20 de dezembro.

"Cerca de 1% da área total de soja costuma ser semeada tardiamente no Estado, majoritariamente no sudoeste e sudeste do Paraná, justamente regiões nas quais houve excesso de chuvas em outubro/novembro", avalia Ana Paula Kowalski, técnica do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema Faep, em nota.

"Essa condição impediu a semeadura de culturas que antecedem a soja, como milho e feijão, ou exigiu replantio em algumas áreas. Dessa forma, serão colhidas mais tarde, atrasando a implantação da soja em janeiro", completou.

Para Ale Delara, sócio-diretor da Pine Agroneócios, a extensão da janela terá pouco impacto no Paraná, uma vez que o período de semeadura será mais longo que o previsto. Além disso, as áreas afetadas pelo excesso de umidade foram poucas, segundo ele.

“O clima esteve relativamente bom durante o plantio. O maior volume de águas afetou mais a região sul e leste do Estado. Na região de Lapa, por exemplo, choveu 700mm em outubro. Isso atrasou a semeadura, mas não houve necessidade de replantio”, afirmou o analista.

O calendário de plantio da soja causou polêmica em 2023. A primeira portaria publicada pelo Ministério da Agricultura, em 7 de julho, encurtava a janela de semeadura para 100 dias. Com isso, o Paraná teria de 11 de setembro a 19 de dezembro para implantar a cultura.

Houve reivindicação do setor produtivo para que voltasse em vigor os 140 dias, mas a Pasta só atendeu à demanda após a sugestão de divisão do Estado em "lotes".

Rafael Walendorff e Paulo Santos – Globo Rural