‘Não vai faltar soja no Brasil’, diz presidente da Aprosoja Brasil apesar das exportações fortes
"Não vai faltar soja no Brasil", afirmou Bartolomeu Braz Pereira, presidente da Aprosoja Brasil, em um webinar promovido pela Datagro nesta terça-feira (28). Segundo Braz, a produção do país tem condições de atender a demanda interna e seguir com as exportações em um momento historicamente positivo para o produtor brasileiro.
Pereira explicou ainda que a baixa nos preços do diesel tem sido mais um fator positivo para os custos operacionais no campo e que um dos pontos de maior atenção tem sido o dólar bastante alto neste momento.
"Tenta equilibrar isso para que possamos aproveitar o dólar alto e fazer bons negócios, até mesmo para garantir que teremos o plantio futuro", diz. Afinal, a moeda americana alta reflete instantaneamente em custos mais altos de produção, com boa parte dos insumos sendo importados.
No encontro virtual estiveram ainda o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar; o diretor da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes; e foi mediado pelo chefe do setor de grãos da Datagro, Flávio França.
Exportações
As exportações brasileiras de soja, como explicou Mendes, foram recordes em março e deverão ser novamente em abril frente ao contínuo fluxo dos embarques no Brasil e ao sistema logístico que vem operando normalmente desde os primeiros dias da quarentena e dos isolamentos sociais.
"Temos que levantar nossas mãos para o céu, porque em vista de outros setores, estamos indo muito bem e não temos do que reclamar", disse Mendes. O objetivo da reunião dos especialistas foi entender os atuais desafios do mercado brasileiro de grãos neste atual momento de crise causado pela pandemia do novo coronavírus.
A ANEC estima as exportações de soja em 73 milhões de toneladas e de milho algo entre 31 e 32 milhões. "O problema nos preços do petróleo prejudicam muito o milho nos EUA e isso pode prejudicar o Brasil", complementa o diretor da associação.
Industrialização
A Abiove volta a reafirmar que 2020 será um ano de esmagamento recorde, com 1 milhão a mais de toneladas em relação a 2019 e chegar a 44,5 milhões. Bons volumes nas exportações também de farelo e óleo de soja também são projetados pela associação, com números de, respectivamente, 16,5 milhões e 500 mil toneladas.
Haverá muita industrialização da soja neste ano, como explica Nassar, diante dos bons momentos do setor brasileiro de carnes e também com a expectativa da retomada da demanda pelo biodiesel. A pandemia promoveu uma drástica redução no consumo de combustíveis de uma forma geral, que afetou duramente o setor e, consequentemente, do óleo de soja.
Crédito
Todos os representantes do complexo acreditam que a próxima safra deverá observar um cenário de oferta de crédito mais conservadora, com ressalvas a e possibilidade de recursos mais limitados. Mais do que isso, o presidente da Aprosoja Brasil fez ainda sua crítica aos juros elevados que ainda oneram o produtor rural brasileiro e que precisam ser repensados.
Adaptações
Em tempos de isolamento social, todos os setores estão se adaptando e trazendo soluções para que os serviços continuem acontecendo. Assim, uma das medidas de avanço da Anec é o aumento dos números de clientes aceitando certificados fitossanitários digitais. "Isso é um bom ganho do nosso setor, e a tendência é de que isso continue aumentando", diz Sérgio Mendes.