Demanda por biodiesel levará esmagamento no ano ao maior nível desde 2005
A capacidade de processamento de soja do Brasil deve atingir em 2024 seu maior nível ativo em quase 20 anos, impulsionada por margens positivas e pela elevação da mistura obrigatória de biodiesel ao diesel, de acordo com o relatório da S&P Global Commodity Insights. Segundo o relatório, as plantas de esmagamento de soja no País devem encerrar o ano com uma capacidade ativa de 204.793 toneladas por dia, o que corresponderá a 93,5% da capacidade total instalada - a maior taxa de utilização desde 2005 (93,6%), conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
A S&P Global Commodity Insights aponta que a expansão se deve a investimentos em novas instalações e à reativação de unidades anteriormente inativas, reflexo das margens favoráveis, especialmente para empresas integradas à produção de biodiesel. O relatório destaca que o óleo de soja, principal matéria-prima para a produção de biodiesel no Brasil, teve sua mistura obrigatória elevada de 12% para 14% em março de 2024, com expectativa de alcançar 15% em março de 2025. A S&P Global enfatiza que o subproduto do esmagamento de soja representa cerca de 70% das matérias-primas do biodiesel, influenciando diretamente a oferta, a demanda e os preços.
O relatório também indica que, como terceiro maior produtor mundial de óleo de soja, o Brasil exportou, em média, 1,80 milhão de toneladas nos últimos cinco anos, sendo 2,60 milhões em 2022 e 2,33 milhões em 2023. No entanto, a S&P Global Commodity Insights projeta que, com o aumento da mistura obrigatória de biodiesel, as exportações do País devem cair para menos de 1,50 milhão de toneladas em 2024. O preço do óleo de soja FOB Paranaguá atingiu US$ 1.063,95 por tonelada em 20 de setembro, o maior nível desde maio de 2022.
O relatório ainda menciona que o governo brasileiro pretende aumentar a mistura de biodiesel em um ponto porcentual ao ano, visando atingir 20% até 2030. No entanto, a proposta depende de pesquisas técnicas sobre a viabilidade da mistura B20. A S&P Global alerta que, caso essa medida seja aprovada, a indústria de esmagamento precisará expandir sua capacidade, uma vez que menos de 7% da capacidade atual permanece inativa. No primeiro semestre de 2024, as margens de esmagamento no interior do Brasil ficaram abaixo da média de cinco anos, afetando investimentos em novas plantas. O relatório afirma que as margens foram significativamente inferiores às registradas entre 2021 e 2023, o que levou as empresas a reativarem unidades.
A S&P Global Commodity Insights conclui que, para atender à demanda interna nos próximos anos, o Brasil terá que reduzir exportações de óleo de soja ou expandir sua capacidade de esmagamento.
Gabriel Azevedo – Broadcast