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Soja

Atraso no plantio de soja em MT leva produtores a desistirem do milho safrinha


Globo Rural - 13 nov 2023 - 09:22

Mato Grosso, maior produtor nacional de soja, enfrenta atrasos no plantio deste ano, já que as lavouras estão sofrendo com o clima irregular para a instalação da safra. Sem a umidade necessária para o cultivo da oleaginosa, a janela para o plantio de milho segunda safra no Estado fica cada vez mais arriscada, obrigando o produtor a mudar sua estratégia.

De acordo com a última atualização do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), divulgada na sexta (10), a semeadura de soja no Estado chegou a 91,82% da área. Os trabalhos seguem abaixo dos 96,17% semeados na mesma época do ano passado, e ainda são inferiores aos 95,51% da média plantada.

Na propriedade de Ronan Poletto, produtor no município de Sorriso, o plantio da soja está 12 dias atrasado em relação à safra anterior. Segundo ele, as chuvas estão muito irregulares na região, o que deve reduzir o rendimento da safra, uma vez que haverá necessidade de replantio.

“Este ano a soja está sofrendo bastante com o clima. Plantei numa situação arriscada, de pouca chuva. Se no ano passado consegui 64 sacas por hectare, se alcançar 55 sacas agora será um bom resultado”, conta o produtor em um relato à Associação dos Produtores de Milho e Soja de Mato Grosso (Aprosoja-MT).

Na avaliação da Aproclima, o fenômeno El Niño provocou a redução dos volumes de chuva em todas as regiões do Mato Grosso. “Esse cenário, aliado às altas temperaturas reduzem o potencial produtivo da soja e podem ter impactos importantes na produção de soja e redução na área de milho”, lembra.

Safrinha em milho em risco

O atraso na semeadura de soja em Mato Grosso compromete o início do plantio de milho safrinha no Estado, que geralmente acontece no início de janeiro. Com o cenário climático adverso, Ronan Poletto vai reduzir a área plantada com o cereal.

“Teremos um risco maior para semear os últimos talhões e devo diminuir a área em 40% neste ciclo. Devido a esse atraso da chuva para a soja, eu prefiro arriscar menos para perder menos”, afirma.

Para Gilberto Peretti, produtor em Gaúcha do Norte, o atraso no plantio de soja chegou a 30 dias se comparado com a safra anterior. Além disso, dos 100 hectares semeados, 30 precisarão de replantio. Todo esse cenário desmotivou o produtor a investir no milho segunda safra.

“Não há chances da gente plantar milho nesta safra. Está muito tarde para investir na cultura e o prejuízo será grande para nós, já que a expectativa de produção é muito baixa”, destaca.

A cultura do milho também deve perder espaço na Fazenda Galera, em Conquista D'Oeste. Leonardo Marasca trabalha como agrônomo na propriedade. Ele menciona que em meados de novembro do ano passado, a soja estava semeada em 81% da área na fazenda.

Este ano, no entanto, nenhum hectare foi plantado devido à falta de chuva, o que tornará inviável a operação com milho safrinha na propriedade.

“Como a janela de plantio extrapolou, já está definido que haverá condição de fazer o plantio do milho safrinha. Os pedidos de sementes foram cancelados, e o impacto para a fazenda será grande, já que vamos ter que buscar o insumo pagando mais caro para suprir nossa demanda”, diz.

Área plantada com milho será menor

O Imea, em partes, já considera o impacto no atraso da safra de soja para o cultivo de milho em Mato Grosso. A última projeção do instituto, divulgada no início de novembro, apontou uma área de 7,20 milhões de hectares do cereal, 1,08% a menos em relação à estimativa divulgada em outubro. Quando comparado com 2022/23, a retração na área de milho no Estado está em 3,86%.